24.1.13

Combate à crise não pode hipotecar gerações futuras, avisa ex-líder do Bundesbank

Pedro Crisóstomo, in Público on-line

Axel Weber alerta que as medidas dos bancos centrais não resolvem os problemas, mas apenas servem para ganhar tempo


A resposta dos bancos centrais para conter a crise pode colocar um travão no contágio, mas não esconde os problemas de fundo e poderá revelar-se mais cara do que parece para as gerações futuras. O aviso foi deixado nesta quarta-feira pelo alemão Axel Weber, chairman do banco UBS, que enquanto intervinha na cimeira de Davos pareceu por momentos ter voltado a vestir a pele de governador do banco central alemão.

O alerta que foi deixar ao Fórum Económico Mundial não é diferente do que repetia quando liderava o Bundesbank. Mas ganha peso numa altura em que a gestão da crise da dívida soberana na zona euro, beneficiando da acção do Banco Central Europeu, vive um momento de acalmia, apesar da antecipação de um cenário de recessão no espaço da moeda única em 2013.

Ex-líder do Bundesbank até meados de 2011, falcão da política monetária europeia, Weber avisa que “as medidas dos bancos centrais só servem para ganhar tempo, mas não para resolver os problemas”.

Os défices e a dívida dos países estão no limite, diz, e os bancos centrais são vistos como a única solução para resolver as dificuldades.

“Há aqui uma necessidade absoluta de gestão de expectativas”. E os responsáveis de política monetária “podem fazer determinadas coisas”, como fornecer liquidez, por exemplo, estabilizando a situação no curto prazo, mas não resolvem a situação de fundo. “Estamos a viver à custa das gerações futuras”.