28.1.13

Empreendedorismo: do amargo desemprego a doces desafios

in TVI24

Agora é mãe, trabalha, estuda e tem um pequeno negócio de bijuteria que lhe dá prazer. Mas já foi uma mulher grávida e desempregada. E foi precisamente aí que a Algodão Doce começou.

Ângela Ribeiro, 33 anos, vive em Viseu e é licenciada em química industrial, pós-graduada em higiene e segurança no trabalho e já fez muitas coisas - desde gestão da qualidade, consultoria na área da segurança alimentar, gestão de franchising, gestora de operações. Sempre a reinventar-se.

Até que se viu sem trabalho, já grávida. «Foi um drama. Já é um drama ficar desempregada. Estar grávida e desempregada parece que o mundo vai acabar», confessou ao tvi24.pt. Mas não parou de procurar trabalho e voltou até a estudar, desta feita Engenharia do Ambiente. Está no segundo ano da licenciatura.

Chegou a ir a muitas entrevistas já de barriga. Do centro de emprego, nunca teve qualquer contacto, a não ser para assistir a uma palestra sobre criação do próprio emprego.

Hoje até agradece que essa única chamada tenha existido. «Até acabou por me fazer mudar de ideias relativamente ao mercado de trabalho e à forma como eu queria estar no mercado de trabalho».

A Algodão doce surgiu nessa altura. «Chic, delicado e singular», assim se auto-intitula o projeto de fios, pulseiras e brincos. Mais do que acessórios - identidade.

«Acabei por aliar o gosto pela bijuteria, pelas coisas bonitas, com o ter que fazer alguma coisa e a desenvolver alguma coisa por mim. Não conseguia estar parada».

Começou sem perceber «rigorosamente nada» de artesanato. Mas, uma vez mais, reinventou-se. «Acabei por descobrir que tinha jeito, fiz umas pesquisas na Internet sobre os materiais e comecei a fazer para mim. Depois as pessoas começaram a gostar. A minha irmã também entrou no projeto, não tanto na execução, mas mais na comunicação - ajuda-me no Facebook», o seu meio de divulgação, para além do boca-a-boca.

Vai fazendo o investimento aos poucos, tem um pequeno stock e retorno à medida que vende. «Gostava que o projeto crescesse, é algo que me dá prazer, me dá gosto e algum dinheiro». Mas esse nem era o objetivo inicial. A ideia era mesmo estar ocupada, criar algumas peças também de modo a não gastar tanto dinheiro em acessórios para si, dada a situação em que se encontrava.

«As minhas prioridades mudaram desde essa altura. Foi uma reviravolta. Não digo para pior, mas para diferente».

Tanto que, entretanto, um novo desafio. «Envolvi-me noutro projeto, por convite de uma amiga, que tem já há mais tempo uma empresa de formação exclusivamente virada para a área rodoviária. Como eu tenho várias valências noutras áreas decidimos juntar-nos». Aliaram o know-how uma da outra.

Estão na fase final de certificação de várias áreas de formação e a desenvolver outras novas, bem como workshops. «As pessoas que nos vêm visitar e conhecer-nos, dizem-nos que o que existe em termos de formação é tudo o mesmo. Queremos oferecer formação diferente e que lhes permita ter uma saída profissional».

Próximo passo: serviços de consultoria. «Se pudermos prestar um serviço completo às empresas, melhor ainda. Temos bastante know how e pessoas qualificadas. Temos de aproveitar isso».

Têm consciência de que há muita concorrência. «Mas há muita má concorrência. Vamos apostar em fazer as coisas bem e entrar no mercado de uma forma sustentada e para o cliente. Estamos seguras e confiantes que vamos conseguir». As metas estão lá, passo por passo. A empresa chama-se Etapas & Objectivos. Nem de propósito.