Pedro Crisóstomo, in Público on-line
A Alemanha encontra em Portugal uma plataforma privilegiada de ligação aos países emergentes, diz o economista.
Portugal tornou-se num país ainda mais periférico depois da queda do muro de Berlim e para ganhar uma nova centralidade deve investir na inovação e na tecnologia, beneficiando da posição que ocupa na Europa com a ligação aos países lusófonos, defendeu nesta sexta-feira o economista Vítor Bento.
Para o presidente da SIBS e conselheiro de Estado – tendo Portugal “um problema muito sério de competitividade”, com uma economia fechada – deve procurar superar esta dificuldade estratégica tornando “a perificidade numa nova centralidade”. Tem “condições ideais do ponto de vista de localização” para desenvolver investigação. É lugar privilegiado para estabelecer uma ligação transatlântica da Europa com a qual a Alemanha tem a ganhar.
Vítor Bento, que intervinha esta manhã no I Fórum Portugal-Alemanha, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, diz que a maior economia da zona euro pode ter, por isso, em Portugal um parceiro fundamental na ligação aos países emergentes. “A Alemanha pode encontrar em Portugal uma [plataforma de] ‘atlantização’”. Não apenas pela sua ligação a uma potência emergente como o Brasil, mas também aos países africanos.
No mesmo sentido foi a intervenção, na mesma mesa redonda, do embaixador de Portugal na Alemanha, Luís de Almeida Sampaio, que considera que o país tem de “saber aproveitar” este “posicionamento estratégico invulgar” na relação transatlântica, em particular, pela posição privilegiada portuguesa em relação ao Brasil.
“Portugal é dentro da Europa o país que mais perdeu com a alteração geoestratégica” que resultou da queda do muro de Berlim”. Vítor Bento nota que Portugal se dedicou “muito mais aos sectores transaccionáveis”, criando um problema de competitividade enquanto vivia na ilusão de que é uma pequena economia aberta. E “somos uma economia relativamente fechada”.
Como aumentar a competitividade depois da introdução do euro? “Sem o instrumento cambial, não vai ser fácil dar este salto de crescimento”. Mas o que “socialmente é mais vantajoso é [através do] aumento da competitividade”, sustentou Vítor Bento, para reforçar a necessidade de aposta na inovação e na tecnologia.