Mostrar mensagens com a etiqueta Vacinação. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Vacinação. Mostrar todas as mensagens

26.9.23

SNS vai pagar 2,5 euros por vacina dada na farmácia

Inês Schreck, in JN

Remuneração será igual paragripe e covid-19. Para o utente, não haverá qualquer custos.


As farmácias vão receber 2,5 euros por cada vacina contra a gripe e contra a covid-19 que administrarem a pessoas com mais de 60 anos no âmbito da campanha de vacinação sazonal Outono-Inverno, que arranca na sexta-feira.


A portaria que define os termos e as condições da prestação de serviços de intervenção em saúde pública por parte das farmácias na campanha de imunização sazonal 2023-2024 e a respetiva remuneração deverá ser publicada hoje em “Diário da República”.


De acordo com o diploma, a que o JN teve acesso, pelo serviço de administração de cada vacina - com registo na Plataforma Nacional de Registo e Gestão da Vacinação - VACINAS e indicação do lote da vacina administrada -, a farmácia é remunerada em 2,5 euros, valor isento de IVA. Para o utente não há qualquer custo.


Deduzir encargos


Ao que o JN apurou, do valor as farmácias terão de deduzir os custos com fornecedores, que podem variar em função da capacidade negocial, com os consumíveis (seringas, pensos, máscaras e luvas para os profissionais de saúde) e com a rede de frio, entre outros.

Com exceção do período pandémico, em que participaram na testagem à covid-19 e foram pagas por esse serviço, é a primeira vez que, numa situação normal, as farmácias são remuneradas pela prestação de serviços de intervenção em saúde pública.


Segundo a portaria, o apuramento do valor em dívida será feito pelas farmácias mensalmente e conferido pela SPMS - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, através do Centro de Controlo e Monitorização do SNS.


A despesa relativa à remuneração das farmácias será suportada por verbas inscritas no orçamento da Administração Central do Serviço de Saúde (ACSS), que assegura as transferências para as administrações regionais de Saúde efetuarem os pagamentos, num processo semelhante ao das comparticipações dos medicamentos.


A campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a covid-19, que este ano decorre nas farmácias para os maiores de 60 anos, começa no dia 29, sendo que nos primeiros dias haverá alguma escassez de vacinas.


Como o JN noticiou no final da semana passada, as farmácias foram informadas que, entre os dias 29 de setembro e 10 de outubro, receberiam apenas 175 mil doses de vacinas contra a gripe e 205 mil contra a covid-19. A limitação, que resulta de um atraso na distribuição da vacina da gripe, obrigou várias farmácias a adiarem as marcações de utentes. As reservas podem ser feitas presencialmente ou na plataforma “farmaciasportuguesas.pt”.


Portugueses têm mais alternativas para imunização


O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, apela à imunização e lembra que há 2300 farmácias a aderir à vacinação contra a gripe e a covid-19, que se inicia na sexta-feira para maiores de 60 anos. “Se acrescentarmos mais de mil locais de vacinação nos cuidados de saúde primários, vemos que os portugueses têm muitas alternativas para a vacinação”.

5.6.23

Processo de compra de vacinas concluído na próxima semana, afirma Ministério da Saúde

in Público


Resolução do Conselho de Ministros que autoriza a realização da despesa foi publicado esta sexta-feira. São mais de 46 milhões de euros.

O processo de aquisição de vacinas do Programa Nacional de Vacinação (PNV) para este ano só ficará concluído na próxima semana. A demora no processo, que permite que estejam disponíveis nos centros de saúde as vacinas que são dadas gratuitamente para a imunização de várias doenças, sobretudo em crianças, tem levado a alguns atrasos na vacinação, segundo reportam os profissionais de saúde. A resolução do Conselho de Ministros que autoriza a realização da despesa foi publicada esta sexta-feira.

A garantia foi dada esta sexta-feira pelo Ministério da Saúde, em comunicado enviado ao PÚBLICO: “O procedimento de aquisição de vacinas e tuberculinas no âmbito do Programa Nacional de Vacinação para o ano de 2023 está em curso, em fase avançada de adjudicação, e ficará concluído a meio da próxima semana.”

Esta sexta-feira foi publicada, em Diário da República, a resolução do Conselho de Ministros que “autoriza a despesa com a aquisição de vacinas e tuberculinas no âmbito do Programa Nacional de Vacinação para o ano de 2023” e que data de 18 de Maio. O valor autorizado, a que acresce o IVA, é de 46,2 milhões de euros. Da lista de entidades autorizadas a fazer esta despesa são as administrações regionais de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte as que têm maior verba: 17,3 e 14,3 milhões de euros, respectivamente.

A 15 de Maio, a SIC noticiou que o Ministério das Finanças estava há seis meses para dar uma autorização ao Ministério da Saúde para que as vacinas do PNV fossem compradas e que sem essa autorização os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde – responsáveis pelas compras centralizadas – não podiam abrir o concurso nacional de aquisição.

Esta sexta-feira, o Expresso noticia que por causa da falta de aquisição das vacinas a vacinação está a ser feita “a conta-gotas” e que desde o início do ano os centros de saúde têm sinalizado várias falhas. Fonte da direcção da Ordem dos Enfermeiros disse ao jornal que “continuam a existir muitas falhas, por exemplo, nas vacinas contra o tétano e nas vacinas tetravalente e pentavalente, contra a difteria, tosse convulsa, poliomielite e haemophilus b”.

Também os médicos de saúde pública confirmaram problemas, adiantando que estavam a ser usadas vacinas que sobraram de aquisições anteriores. Em declarações à Rádio Renascença, Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, também referiu a falta de autorização por parte do Ministério das Finanças. Questionado pela rádio, o Ministério da Saúde disse que “não”, admitindo, no entanto, que faltava “antes do lançamento do curso”.

4.5.22

OMS vê na vacinação e saúde digital os trunfos de Portugal

in TSF


Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, adianta que o país vai partilhar "experiências a diferentes níveis, desafios que encarou e o que aprendeu, grandes evoluções como a transição digital, o sistema de vacinação e a saúde pública e como atuou a todos os níveis".

O alargamento da saúde digital e a vacinação durante a pandemia são os principais exemplos de preparação para emergências sanitárias futuras que Portugal apresentará perante a Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmaram esta segunda-feira responsáveis nacionais e internacionais.


"Portugal tem liderado mesmo desde antes da Covid-19", afirmou em declarações aos jornalistas a diretora-geral-assistente da OMS para o setor dos dados e análise, Samira Asma, apontando que "a cobertura de vacinação [para a Covid-19] chegou quase aos 100 por cento e não aconteceu só por causa da pandemia, há um passado de compromisso político de alto nível".

Uma equipa da OMS e de observadores internacionais está a partir de hoje em Portugal para auditar o sistema de saúde e os mecanismos de resposta à Covid-19, no que será a primeira Revisão de Preparação Sanitária Universal de um país europeu, em que o país partilhará "experiências a diferentes níveis e desafios que encarou e o que aprendeu, grandes evoluções como a transição digital, o sistema de vacinação e a saúde pública e como atuou a todos os níveis", salientou em declarações aos jornalistas o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.

O governante participou com outros responsáveis nacionais e internacionais numa reunião no Infarmed, em Lisboa.

Samira Asma afirmou que o objetivo desta revisão é "aproximar os países, partilhar experiências e arranjar soluções" para elevar ao máximo a preparação dos países para enfrentarem ameaças sanitárias futuras, o que poderá passar por "um fundo financeiro".

"Precisamos desse tipo de recursos, não precisamos de esperar que as crises aconteçam", frisou.

Até ao fim da semana, os peritos da OMS vão recolher informação e um relatório final sobre a prontidão do sistema português será apresentado na próxima Assembleia Mundial da Saúde, que se realiza entre 22 e 28 de maio em Genebra, na Suíça.

Intervindo remotamente a partir da sede europeia da OMS, em Copenhaga, o diretor da região europeia, Hans Kluge, afirmou que a preparação dos países para o futuro requer "investimento sustentado nos serviços de saúde e na arquitetura de resposta e preparação para emergências".

O objetivo deste tipo de revisões, lançado pela OMS em novembro passado e atualmente em fase piloto, será "ajudar os estados-membros a avaliar, construir e manter as suas capacidades no longo prazo".

O subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, disse aos jornalistas que nas conclusões da avaliação deverá estar "o reforço da saúde digital, uma rede estável de saúde pública, que é uma rede protetora, e garantia de recurso para essa rede poder funcionar".

A vigilância de insetos como carraças e mosquitos, que são vetores de transmissão de doenças contagiosas, a aplicação do regulamento sanitário internacional e a vigilância de fronteiras são outras condições para a preparação, indicou.

"Este exercício pondera sobre as grandes aprendizagens [da pandemia], sobre as carências, os desafios futuros, a partilha e o debate e reflexão de ideias, e acima de tudo preparar as nossas populações", resumiu Lacerda Sales.

19.4.22

Definido financiamento para vacinar 250 milhões de pessoas nos países pobres

in RTP Notícias

O Banco Mundial e a plataforma Covax criaram um novo mecanismo de financiamento que deverá permitir a vacinação de 250 milhões de pessoas nos países pobres até meados de 2022, de acordo com uma declaração conjunta hoje divulgada.

O novo mecanismo de financiamento permitirá aos 92 países-membros mais pobres da Covax a aquisição de doses adicionais para além da quota já totalmente financiada pelos países doadores, indica a declaração.

"O acesso às vacinas constitui o maior desafio para os países em desenvolvimento na proteção das suas populações do impacto da pandemia de covid-19, do ponto de vista sanitário, social e económico", disse o chefe do Banco Mundial, David Malpass.

Por enquanto, a desigualdade na vacinação entre países ricos e pobres é a regra.

A 26 de julho, os 29 países mais pobres só tinham conseguido administrar 1,5 doses por 100 habitantes, enquanto os países mais ricos tinham atingido 95,4 doses por 100 habitantes, de acordo com uma contagem da agência de notícias francesa AFP.

Os países pobres, que já têm projetos de vacinas aprovados pelo Banco Mundial, poderão confirmar o seu desejo de comprar doses adicionais da Covax, o tipo de vacina e o calendário de entrega.

Assim que o Banco Mundial seja informado pelo país do seu plano, poderá fornecer à Covax uma garantia de pagamento. Com a garantia do Banco Mundial, "a Covax pode negociar grandes volumes de vacina Covid-19 com fabricantes, a preços competitivos", refere a declaração.

Este mecanismo deverá permitir aos 92 países mais pobres que participam no sistema Covax a obtenção de 430 milhões de doses adicionais ou o suficiente para vacinar 250 milhões de pessoas, entre o final de 2021 e meados de 2022. Poderão também escolher a vacina que preferem.

O plataforma Covax, uma parceria entre a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Vaccine Alliance (Gavi) e a Coalition for Innovations in Epidemic Preparedness (Cepi), só conseguiu fornecer pouco mais de 135 milhões de doses a 136 países, muito aquém dos seus alvos iniciais, em parte porque os países ricos têm acumulado as doses disponíveis, mas também porque a Índia - que era suposto fornecer a maior parte das doses - tem vindo a proibir as exportações há vários meses, a fim de combater a pandemia no país.

9.8.21

Professores pedem medidas urgentes para garantir aulas presenciais

in JN

Sindicatos de professores apelaram às autoridades de saúde para que avancem rapidamente com medidas que garantam um ano letivo com aulas presenciais, depois de conhecido um estudo que aponta para a redução da imunidade dos vacinados contra a covid-19.

Os dois maiores sindicatos que representam professores e funcionários das escolas - Fenprof e FNE - defendem que cabe à comunidade científica e às autoridades de saúde definir as melhores soluções que evitem o regresso ao ensino a distância no próximo ano letivo.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defende que os estudos conhecidos recentemente já permitem defender a realização de testes serológicos a docentes e restantes funcionários para confirmar, ou não, a redução da imunidade de quem foi vacinado.

"A Fenprof desde cedo que tem defendido a testagem e vacinação dos professores para garantir a continuidade do ensino presencial e se agora temos estudos que indicam que há uma redução da imunidade, a Fenprof só pode acompanhar a opinião dos cientistas", disse João Louceiro em declarações à Lusa.

O sindicalista referia-se ao estudo realizado a profissionais de saúde por cientistas dos serviços de Patologia Clínica e de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra que revelou que três meses após a segunda dose de vacina os anticorpos começam a baixar.

Além dos profissionais de saúde, também cerca de 280 mil professores e funcionários das escolas foram considerados um grupo prioritário na vacinação contra a covid-19, tendo começado a ser vacinados no final de março, ou seja, há mais de quatro meses.

"As decisões cabem às autoridades de saúde e à comunidade científica, mas têm de ser céleres. Há já um indicador para o qual a Direção-Geral da Saúde (DGS) tem de estar atenta", defendeu João Louceiro.

A Federação Nacional de Educação (FNE) também pediu urgência à DGS. "Apelamos às autoridades de saúde para que analisem a situação atual, realizem estudos consistentes e adotem procedimentos atempados que possam garantir ao máximo que o ensino presencial é mantido ao longo de todo o ano letivo com segurança para todos", defendeu o secretário-geral da FNE em declarações à Lusa.

Para João Dias da Silva, aos professores e profissionais de educação só podem ser pedidas opiniões de base pedagógica: "Sabemos apenas que o ano letivo tem de ser presencial e com segurança para todos". "Se devem ser feitos testes serológicos, se se deve avançar pela toma de uma nova dose de vacina não somos nós que o vamos dizer, porque não temos base científica para o fazer. Sabemos apenas que é preciso tomar decisões atempadamente", acrescentou em declarações à Lusa.

"Ao longo deste processo tem havido falhas das autoridades de saúde e a necessidade de correções, mas também esta é uma situação nova e inesperada e estamos perante um problema que não é ainda suficientemente conhecido. Agora, não podemos começar todos a palpitar, num cata-ventos de opiniões, isso seria o mais disparatado que pode haver", disse João Dias da Silva.

Também em declarações à Lusa, os diretores escolares pediram às autoridades de saúde medidas céleres que garantam um ano letivo com aulas presenciais. A pouco mais de um mês do arranque de um novo ano letivo, os diretores sublinham que não são cientistas, mas sabem que é preciso "fazer tudo para que as escolas não voltem a fechar".

Este fim de semana, também o presidente da República defendeu a realização de testes serológicos à comunidade educativa. A Lusa questionou o Ministério da Educação e aguarda informação sobre se está a ser equacionado avançar com os testes serológicos ou mais uma dose de vacina.

6.7.21

Covid-19: “Grande maioria dos sem-abrigo está vacinada"

Henrique Cunha, in RR

Gestor da Estratégia Nacional de Integração dos Sem-Abrigo, Henrique Joaquim, revela, em declarações à Renascença, que "em alguns concelhos o processo está mesmo fechado”

“A grande maioria das pessoas em condição de sem-abrigo, nomeadamente sem teto está vacinada”. O gestor da Estratégia Nacional de Integração dos Sem-Abrigo, Henrique Joaquim, revela à Renascença que “em alguns concelhos o processo está mesmo fechado”.

O responsável garante que “a significativa maioria dos que aderiram e que aceitaram estão vacinados”.

Henrique Joaquim adianta mesmo que alguns daqueles que em abril tinham resistido, “posteriormente vieram a manifestar vontade e os serviços têm estado a atualizar essas listas em conjunto com os serviços locais de saúde para proceder à vacinação dessas pessoas”.

O gestor da Estratégia Nacional de Integração dos Sem-Abrigo refere que “para este grupo-alvo a estratégia teve de passar por sermos nós, com as equipas locais, a fazer o levantamento das pessoas que estavam na condição de sem-abrigo, e que estavam disponíveis e que queriam efetivamente ser vacinadas”.

“Feito esse levantamento por cada concelho foi entregue à ‘task force’ e a ‘task force’, juntamente com os serviços locais de saúde, encontraram as estratégias mais adequadas a cada contexto.”

Este procedimento permite dizer que, “neste momento, a significativa maioria das pessoas em condição de sem-abrigo, nomeadamente sem teto está vacinada, senão na totalidade, praticamente na totalidade”.

Henrique Joaquim assegura que “foi um processo que foi muito sereno, muito tranquilo”, que permitiu, “inclusive, junto de alguns serviços locais adicionar pessoas à vacinação que num primeiro momento se tinham recusado a serem vacinadas”.

“Eu diria que a taxa de vacinação deste grupo é muito elevada, embora seja difícil estar aqui a por números, mas diria que a grande maioria das pessoas que aderiram, que aceitaram em todas as áreas do Algarve ao Norte estão vacinadas, e em alguns concelhos até na sua totalidade, já com o processo fechado”, sublinha o responsável.
Concluído estudo sobre impacto da pandemia

A outro nível, o gestor da Estratégia Nacional dos Sem-Abrigo adianta que já “está feito o levantamento nacional, envolvendo todos os municípios” sobre o impacto da pandemia junto dos mais desfavorecidos.

Contudo, Henrique Joaquim considera prematuro avançar com conclusões, porque “ainda estamos a analisar os dados e a “estudar a recolha feita”.

O responsável garante ser sua intenção divulgar essa informação, mas perante a insistência da Renascença sobre o eventual aumento de número de pessoas sem-abrigo em Portugal por causa da pandemia, prefere ser cauteloso. “Queremos que a informação que venhamos a publicitar seja fiável, e consistente com a metodologia que seguimos nos últimos anos”, afirma.

Henrique Joaquim acredita que “nas próximas semanas estaremos em condições de partilhar essa informação, quer com as organizações, com os municípios que trabalham connosco nível nacional, quer também com a opinião publica porque um problema social desta natureza não é de duas ou três organizações, não é do governo, é de todos”.

Em Portugal, de acordo com os dados relativos a dezembro de 2019, “o número de pessoas sem-abrigo – sem teto e sem casa - era de cerca de sete mil, sendo que mais de metade, cerca de 60% estavam na condição de sem casa, havendo um registo ainda muito significativo do número de pessoas no extremo que urge dar mais prioridade que é a das pessoas que estão efetivamente sem teto ou em alojamentos de emergência”.

Na Europa, e de acordo com as estimativas da União Europeia, há 700 mil pessoas a viver em situação de sem-abrigo.
Esperança no Programa de Recuperação e Resiliência

Nesta entrevista à Renascença, Henrique Joaquim admite ter uma “grande esperança e uma forte convicção” de que Plano de Recuperação e Resiliência (PPR) “vai ser um instrumento muito, muto importante, concretamente neste âmbito da habitação e também no domínio do combate à pobreza e da ação social”.

“Haverá um investimento fortíssimo em novas respostas sociais e numa lógica de intervenção mais personalizada, mais junto das populações em todas regiões do país, nomeadamente no interior”, afirma.

“Mas claramente aqui no plano da habitação nós temos mais de 100 milhões de euros para investir numa bolsa nacional de alojamento urgente que pretende não só congregar todas as respostas que já existem para alojamentos de emergência e evitar que as pessoas tenham de ficar numa situação de rua, como também por exemplo alocar património que neste momento seja necessário reabilitar para estes fins”, sublinha o responsável, que encontra no PRR “uma oportunidade fantástica”.

Henrique Joaquim refere que “o levantamento das necessidades está feito” e que “o plano vai ser apresentado muito brevemente”.

“Quando estamos a falar de suprir necessidade de habitação de pessoas que estão na rua, ou pessoas que estão na iminência de ficar sem habitação, vai ser um instrumento crucial porque, acima de tudo, nós temos que nos preocupar com as pessoas que estão nesta condições, mas temos que também pôr na agenda a necessidade de sabendo as causas que levam a pessoa a esta situação trabalhar na prevenção”, refere o responsável, que acredita ser possível “nos próximos anos ter resultados muito positivos nesse campo”.

25.5.21

Madrid vacina os sem-abrigo

 in Euronews

O centro de acolhimento de sem abrigo San Isidro, em Madrid, é um dos maiores em Espanha. Os seus 300 residentes estão finalmente a ser vacinados contra a Covid-19.

À margem da sociedade, a população de sem abrigo do país, estimada em cerca de 300.000 pessoas, estava, até recentemente, também à margem da campanha de vacinação no território espanhol. Mas as autoridades sanitárias avançaram agora com um plano para garantir que mesmo os que vivem na rua recebem as doses necessárias da vacina.

As filas de espera são longas no centro San Isidro. Ángela Alfonsa Cordones, de 67 anos, é uma das beneficiárias.

Ángela Alfonsa Cordones, residente do centro San Isidro:"Agora que estou vacinada, sinto-me bastante aliviada e agradeço aos médicos e todos os que o tornaram possível."

Com acesso limitado às máscaras de proteção e material de desinfeção, os sem abrigo têm sido um dos grupos da sociedade espanhola mais expostos ao vírus. Vaciná-los representa vários desafios para as autoridades sanitárias. A vacina da Janssen, que apenas precisa de uma dose, facilita o processo.

Maribel Cebrecos del Castillo, diretora do centro San Isidro:"É uma grande vantagem, porque o risco de não conseguir localizar a pessoa, quando chega a altura da segunda dose, é bastante grande, com a população com a qual trabalhamos."

A Espanha já imunizou 20 por cento da população e perto de 90 por cento das pessoas com mais de 60 anos já receberam pelo menos uma dose da vacina. ONGs e responsáveis de vários centros de acolhimento alertavam, há bastante tempo, para a necessidade de considerar os sem abrigo como um grupo de risco.

María Fernández, vice-presidente da Sociedade Espanhola de Medicina Familiar e Comunitária:"Providenciar o acesso dos sem abrigo aos serviços sanitários é uma questão de Saúde Pública, são pessoas com maior morbilidade e trata-se também de um direito."

Um passo importante na campanha para garantir a imunização da totalidade da população espanhola, mas que está ainda longe de estar concluído.

Jaime Velazquez, euronews: _"Os Serviços Sociais do município de Madrid começaram a vacinar os 1600 desfavorecidos que vivem em centros de acolhimento como este, mas os que vivem ainda nas ruas terão de esperar pelo menos mais duas semanas."

3.3.21

Instituições preocupadas com falta de plano de vacinação para os sem abrigo

 Ana Lisboa , Cristina Nascimento, in RR

Instituições que apoiam as pessoas que vivem na rua estão preocupadas com a ausência de informação por parte das entidades competentes e lembram que este grupo é "vulnerável".

As instituições de apoio aos sem-abrigo estão preocupadas com a falta de um plano de vacinação contra a Covid-19 para este grupo.

“Não temos qualquer informação sobre a vacinação e a integração das pessoas em situação de sem-abrigo nos grupos de risco da mesma. Já questionámos várias entidades, mas não há nenhuma informação definida por parte do Governo em relação a este grupo”, explica à Renascença o diretor do Centro de Apoio aos Sem-Abrigo, Nuno Jardim.

O responsável lembra que este é “um grupo vulnerável” e que “devia haver mais atenção”.

Por seu turno, a diretora geral da Comunidade Vida e Paz, diz que "a CVP tem feito alguma pressão e que estão junto das entidades. Até à data não temos qualquer informação acerca de algum plano que já exista para esse efeito".

Renata Alves acrescenta que as autoridades "ainda não conseguiram equacionar os moldes em que poderão acontecer as vacinas, tendo em conta também os constrangimentos e o acondicionamento das vacinas".

Portugal terá cerca de 7.100 pessoas na condição de sem-abrigo, quase dois terços concentradas nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, mas também na região do Algarve, não sendo ainda possível perceber se a pandemia aumentou o fenómeno, disse recentente o coordenador da Estratégia Nacional para a integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.

Em Portugal, morreram 16.317 pessoas dos 804.562 casos de infeção confirmados pelo novo coronavírus, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

5.2.21

Passaporte de vacinas: uma ajuda à economia ou forma de exclusão social?

Bianca Marques, in Jornal Económico

Os “passaportes de vacinas” poderiam ser úteis para vários sectores, nomeadamente o das indústrias de viagens e entretenimento, que têm lutado para obter lucro.

Os governos mundiais e as empresas farmacêuticas e tecnológicas em todo o mundo estão a explorar o uso potencial de um “certificado de vacinas” como forma de reabrir a economia, identificando os que estão protegidos contra a Covid-19, segundo a “Reuters”.

Quem desenvolve as tecnologias, no entanto, aponta que tais ferramentas poderão trazer consequências, como potencialmente excluir grupos inteiros da participação social, e estão a tentar persuadir os legisladores a pensar seriamente sobre como poderiam ser usadas.

Ainda assim, os “passaportes de vacinas” poderiam ser úteis para vários sectores, nomeadamente o das indústrias de viagens e entretenimento, que têm lutado para obter lucro.

Para o fundador e presidente-executivo do iProov, Andrew Bud, os ditos “passaportes de vacina Covid-19” só precisam conter duas informações: “A pessoa foi vacinada? Quais as características físicas dessa pessoa?”.

A confirmação do estado de vacinação dos clientes também poderia ajudar a economia noturna a recuperar da crise em que está mergulhada. “Temos que tentar regressar à normalidade”, disse Sacha Lord, cofundador do festival de música Parklife da cidade.

“Não acredito que devemos forçar as pessoas a usarem certificados de que foram vacinadas. Deve ser uma escolha. Mas na entrada, se não tiver esse passaporte, teremos outra opção ”, acrescentou, sugerindo o uso de testes rápidos à covid-19.

Sasha Lord frisou ainda que com o surgimento de certificados de vacinação poderão “surgir questões potenciais em torno da discriminação, privilégio e exclusão da geração mais jovem que seria a última na fila para ser vacinada”.

Os certificados de vacina estão a ser lançados em alguns países e, nos Estados Unidos. Em sectores privados, os “passaportes de vacinação” estão a ser utilizados ​​para admitir clientes em eventos desportivos. É uma ideia que a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, em inglês) tem vindo a defender, mas sobre a qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) se desmarca.

11.1.21

Cuidadores de casas de acolhimento de crianças e jovens sem prioridade na vacina

Ana Cristina Pereira, in Público on-line

Desde o início da pandemia, unidades residenciais para crianças e jovens em perigo têm sido equiparadas a estruturas residenciais para idosos, mas não desta vez.

A dúvida propaga-se entre estruturas de acolhimento de crianças e jovens em perigo. Está ou não quem ali trabalha entre os grupos prioritários definidos para a vacinação contra a covid-19? Se não estão, duas associações e alguns supervisores pedem às entidades competentes que inclua.

Questionado pelo PÚBLICO, Francisco Ramos, coordenador da Task Force para o Plano de vacinação contra a COVID-19 em Portugal, esclareceu que aqueles profissionais não integram a primeira fase, nem sequer a segunda. Deverão ser vacinados já na terceira, a prevista para a população em geral.

O pedido de esclarecimento foi enviado esta sexta-feira numa mensagem assinada pela Ajudajudar – Associação para a Promoção dos Direitos das Crianças e Jovens, a PAJE – Plataforma de Apoio a Jovens Ex-Acolhidos e alguns supervisores de casas de acolhimento. Para Francisco Ramos, mas também para a directora-geral de Saúde, Graça Freitas, e para o presidente do Instituto de Segurança Social, Rui Fiolhais.

Até agora, nenhuma informação chegou pelos canais oficiais àquelas estruturas geridas por instituições de solidariedade e tuteladas pela Segurança Social. Desde o início da pandemia, foram sistematicamente equiparadas a estruturas residenciais para idosos, o que gerou polémica no que diz respeito ao regime de saídas e à obrigação de isolamento profiláctico. Havia, por isso, expectativa que essa lógica se mantivesse no plano de vacinação, que coloca na primeira fase “profissionais e residentes em lares e instituições similares”.

São estruturas de tamanho variável. Podem ter dez, 20, 30 ou mais crianças e jovens, que frequentam a escolas e outras actividades e recebem visitas ou visitam as suas famílias. E cuidadores que mantêm contactos diários e a sua rotina no exterior.

“O facto de os cuidadores destas crianças se sentirem em risco acaba por condicionar a dinâmica das casas e a relação com as crianças”, observa Sónia Rodrigues, presidente da AjudAjudar. O distanciamento físico tem efeitos nas crianças, “especialmente nestas que têm tantas necessidades afectivas”. “Fica muto dificultada toda esta componente importante do trabalho do cuidador.”

Aquela especialista em acolhimento residencial, também ela supervisora de casas de acolhimento, lembra que as equipas têm funcionado em espelho. “Isso obriga a que não haja tantos cuidadores na hora em que as crianças estão em casa. Isto também dificulta a vida na casa, o cuidado com as crianças.”

“A vacinação não permite nenhum alívio das regras de segurança”, salienta Francisco Ramos. “Se o argumento é que devem aliviar… É importante perceber que até chegarmos à tal imunidade de grupo não há imunidades individuais. As regras de segurança têm de ser mantidas integralmente”, diz, numa alusão à distância física, ao uso de máscara e à frequente higienização das mãos.


14.12.20

As medidas restritivas não são solução

Paula Santos, in Expresso

Apesar da perspetiva da vacinação estar já presente, é certo que ainda iremos viver mais algum tempo em contexto de pandemia, por isso é fundamental que se reforce efetivamente o Serviço Nacional de Saúde, se previna a infeção e se cumpram as recomendações de saúde pública que permitam retomar a atividade económica, cultural e desportiva em segurança, pondo fim às medidas restritivas e limitativas que não resolvem os problemas de saúde pública, mas que do ponto de vista económico e social estão a ter impactos devastadores.

Na semana passada ficámos a saber pelos especialistas que a redução do índice de transmissibilidade (R(t)) iniciou-se antes da declaração do Estado de Emergência, revelando que a população tem adotado as recomendações de saúde pública, sem necessidade de limitar direitos e liberdades. Ficámos também a saber que não é possível estabelecer uma correlação entre a limitação de mobilidade entre concelhos e a redução de contactos, mais uma vez revelando, que as medidas adotadas são desproporcionadas e desadequadas.

A evolução da situação económica e social exige que sejam tomadas medidas que resolvam os problemas concretos sentidos pelos trabalhadores e pelo povo e não medidas restritivas sem qualquer confirmação dos seus efeitos no plano sanitário, mas que têm levado à falência muitas micro, pequenas e médias empresas, ao desemprego, à quebra de rendimentos e à pobreza dos trabalhadores.

Apesar de ainda não existirem dados oficiais, os sinais são extremamente preocupantes no que diz respeito às condições de vida das famílias. O aumento do desemprego, a precariedade e a perda de rendimentos empurram milhares de trabalhadores e suas famílias para a pobreza e a exclusão social.

O risco de pobreza no nosso país continua a ter uma dimensão preocupante, atingindo 17,2% de pessoas em 2018, afetando de forma muito expressiva as famílias com filhos, sobretudo as famílias monoparentais ou famílias com mais de três filhos. Constata-se também que o risco de pobreza aumentou para os trabalhadores empregados, atingindo 10,8%, isto é, um em cada 10 trabalhadores são pobres e para os trabalhadores desempregados foi de 47,5%.

Por outro lado, milhares de micro, pequenas e médias empresas estão com muitas dificuldades para manter a sua atividade. Um dos setores mais fustigados, é o setor da restauração, que PSD e CDS hipocritamente dizem lamentar, no entanto são tão responsáveis como o Governo e o PS pela situação em que se encontra o setor, quando aprovaram o Estado de Emergência com as medidas restritivas associadas.

Os trabalhadores, o povo e país não aguentam este caminho. A pandemia não se combate com proibições, nem com limitações. O combate à pandemia exige medidas robustas de reforço da resposta do SNS, nomeadamente nas unidades de saúde pública para reforçar a capacidade de deteção de surtos e de quebra das cadeias de transmissão, nas unidades de cuidados intensivos e na recuperação dos atrasos na prestação de cuidados; de proteção do emprego e de proibição dos despedimentos; de reforço da proteção social e de apoio aos trabalhadores que tiveram quebra de rendimentos ou que ficaram sem qualquer rendimento; de apoio às micro, pequenas e médias empresas para a manutenção da atividade e dos postos de trabalho; de promoção da pedagogia da prevenção da infeção e do cumprimento das recomendações de saúde pública que permitam a continuação das atividades económicas, culturais, desportivas e recreativas em segurança.

10.12.20

Países ricos estão a açambarcar vacinas, países pobres só garantem doses para uma em cada 10 pessoas

Ana Kotowicz, in o Observador

Nações mais ricas compraram vacinas em número suficiente para vacinar três vezes a sua população. Em contrapartida, em 67 países mais pobres apenas 1 em 10 pessoas poderá ser vacinada.

O fosso é enorme. Se as economias mais sólidas estão a encomendar doses de vacinas suficientes para vacinar três vezes a sua população contra a Covid-19, há 67 países onde os medicamentos disponíveis só garantem a vacinação de uma em cada dez pessoas. As contas são da People’s Vaccine Alliance e indicam ainda que mais de metade das vacinas (53%) estão encomendadas pelas nações mais ricas do planeta, as mesmas que representam apenas 14% da população mundial.

Entre os países que só garantem a vacinação de uma em cada dez pessoas estão o Quénia, Myanmar, Nigéria, Paquistão e Ucrânia, que juntas têm quase 1,5 milhão de contágios acumulados.

É por isso que People’s Vaccine Alliance, uma rede de organizações onde se inclui a Amnistia Internacional, a Oxfam e a Global Justice Now, entre outros, fala em “açambarcamento” de vacinas. O Canadá, por exemplo, garantiu já doses suficientes para vacinar 5 vezes cada um dos seus cidadãos.

Em Portugal, os números revelados na semana passada pela ministra da Saúde apontam para a compra de 22 milhões de vacinas para uma população de cerca de 10 milhões de habitantes, num investimento que rondará os 200 milhões de euros.

As vacinas mais promissoras contra o vírus que provoca a Covid-19 obrigam a mais do que uma toma.

3.12.20

Organizações da sociedade civil querem ser ouvidas sobre o plano de vacinação

in TSF

Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal reforçou que as organizações da sociedade civil devem ser consultadas em todos os momentos.

A Associação Protetora dos Diabéticos lamentou esta quarta-feira que as organizações da sociedade civil não tivessem sido ouvidas sobre o plano de vacinação contra a Covid-19 e defendeu que devem ser consultadas em "todos os momentos" da estratégia.

Na véspera de ser apresentado o plano de vacinação, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) reforçou que as organizações da sociedade civil devem ser consultadas em todos os momentos da estratégia de vacinação.

"O objetivo é garantir a participação dos cidadãos no planeamento, implementação e avaliação deste plano de vacinação", refere em comunicado.

Para a associação, a definição dos grupos prioritários e respetiva estratégia de vacinação deve ser "clara e transparente para toda a comunidade", considerando que "é fundamental que as pessoas com doenças crónicas se sintam protegidas e acompanhadas neste processo dado o risco aumentado que têm face às formas graves de Covid-19".

Para o presidente da APDP, José Manuel Boavida, a pandemia da Covid-19 "exige soluções claras para as pessoas com doenças crónicas e, mais uma vez, a sociedade civil está a ser esquecida".

"É importante que, para uma estratégia eficaz de vacinação para a Covid-19, exista planeamento, organização, transparência e clareza na comunicação e definição de quem vai ter acesso, numa primeira fase, à vacina", sustentou o médico endocrinologista.

José Manuel Boavida sublinhou que, "apesar de este ser um período de incerteza, as pessoas com risco acrescido de complicação de infeção não podem ficar reféns da desinformação".

A associação advertiu que "o conhecimento científico sobre a nova vacina é ainda escasso, e que é necessário definir um programa que dê confiança às pessoas".

O objetivo é que as associações e sociedades que estão na linha da frente no apoio a pessoas com doença crónica sejam envolvidas para ajudar a reduzir o receio relativo a esta nova vacina.

"Tem de ser realizada uma análise à ordem de prioridade na distribuição desta vacina. Há pessoas com diabetes que continuam a deslocar-se para o local de trabalho, em transportes públicos e, como tal, estão mais expostas", salienta o médico.

Para o especialista, "numa sociedade que se diz inclusiva e promotora da participação, é importante que haja abertura e disponibilidade do Governo para ouvir as organizações da sociedade civil", para avaliar em conjunto quais são as pessoas em situações mais vulneráveis e quais os critérios de distribuição das vacinas.

O plano nacional de vacinação contra a Covid-19 vai ser apresentado na quinta-feira, anunciou na terça-feira o primeiro-ministro, António Costa.

Esta quarta-feira está a decorrer uma reunião de trabalho sobre o plano de vacinação com os membros da task-force criada para o efeito e o Governo.

Portugal contabiliza pelo menos 4645 mortos associados à Covid-19 em 303 846 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

27.4.20

"A única coisa que nos vai ajudar a sair desta crise é a investigação científica"

in DN

Caetano Reis e Sousa dirige o Laboratório de Imunobiologia no Instituto Francis Crick, no Reino Unido, onde integra também a direção científica. Doutorado na Universidade de Oxford, é desde o ano passado membro da Royal Society britânica. Já neste ano ganhou o Prémio Bial de Biomedicina.

Instituto Francis Crick, uma referência internacional na investigação em ciências biomédicas também participa desde há semanas no Reino Unido no esforço do diagnóstico de doentes de covid-19 e é o laboratório do Caetano Reis e Sousa que lidera essa área na instituição. É também o seu laboratório que está a desenvolver um teste de diagnóstico rápido para ser usado em larga escala e sem necessidade de equipamentos pesados, mas ainda sem data certa para estar pronto. Será "o mais depressa possível", diz o investigador, que integra igualmente a direção científica do instituto.

Era ainda estudante quando decidiu sair de Portugal. "Fiz o liceu até 11º ano em Lisboa, e depois saí de Portugal, porque tive oportunidade de concluir o liceu no País de Gales, no Reino Unido", conta. Depois não parou. Fez biologia no Imperial College de Londres e em 1992 doutorou-se em imunobiologia na Universidade de Oxford. Rumou então aos Estados Unidos, onde fez investigação científica nos National Institutes of Health, e em 1998 regressou a Londres, onde passou a liderar o laboratório de imunobiologia do Cancer Research UK, que em 2015 foi integrado no Instituto Francis Crick.

Cientista premiado e reconhecido pelo seu contributo na área da imunobiologia associada ao cancro, Caetano Reis e Sousa foi eleito no ano passado membro da Royal Society britânica pelas suas "contribuições para perceber os mecanismos pelos quais o sistema imunitário deteta a invasão de patógenos, cancro e danos nos tecidos", como foi anunciado na altura pelo Instituto Francis Crick. Já este ano, o investigador ganhou o Prémio Bial de Biomedicina.

Em entrevista ao DN, o cientista fala dos desafios que a nova pandemia coloca, da imprudência do Reino Unido na sua aposta inicial na imunidade de grupo em relação ao SARS-CoV-2, numa altura em que se desconhecem os seus parâmetros, e do esforço que os cientistas estão a fazer para compreender o vírus e a doença. A solução, diz, há de vir daí.

A pandemia de covid-19 veio mudar abruptamente as nossas vidas. Também mudou a sua?
Sim, mudou muito. E de todos nós no instituto. Muita gente está a trabalhar em casa. A nossa investigação habitual está parada, mas há investigadores que estão nos laboratórios a trabalhar em diferentes questões sobre este vírus. A minha equipa também. Estamos a fazer testes de rastreio do pessoal médico do University College London Hospital, e de outros hospitais.

Estão só a trabalhar em covid-19 no instituto, nesta altura?
Sim. O dia-a-dia da investigação, num instituto de 1500 pessoas, está reduzido a cerca de 200. No meu laboratório fazemos a testagem e o objetivo é ter os resultados o mais rapidamente possível. Para além disso há vários outros programas de investigação em covid-19 que estão a ser iniciados no instituto. No meu grupo estamos também a desenvolver novos métodos mais rápidos de deteção do vírus.

Como é que esses testes diagnóstico rápido poderão fazer a diferença no combate à pandemia?
Não é só serem mais rápidos, é serem ser também mais simples, e o mais eficientes possível. Neste momento recebemos amostras que têm de vir todos os dias do hospital, várias vezes ao dia, em transporte especializado, têm de ser processadas aqui, com a extração do vírus, para depois ser amplificado e analisado, para haver resultados. A ideia é ter um teste que permita fazer isto mais rapidamente, que simplifique o processo e não exija equipamento tão especializado. Os testes poderiam até passar a ser feitos no hospital. É nesse sentido que estamos a estudar as alternativas. O nosso instituto tem uma projeção e uma responsabilidade internacional, estamos também a pensar nas vantagens que isso teria em sistemas de saúde de outros países menos desenvolvidos.

Quando é que esses testes poderão vir a ser usados?
Gostávamos de ter isso pronto em semanas ou meses, mas é difícil dizer. Não se trata tanto de inventar um teste, mas de validar um processo experimental já proposto por outros e adaptá-lo a larga escala para lidar com um grande número de amostras e, talvez, num futuro não muito longínquo, embora ninguém saiba bem quando, fazer um rastreio da população. E estes testes alternativos poderiam ser usados para isso.

Disse que a pandemia mudou a sua vida. Como é agora o seu dia de trabalho?
É complicado. Na maior parte dos dias trabalho a partir de casa. Os meus dois filhos estão em idade escolar e têm a escola também em casa. Eu e a minha mulher somos ambos cientistas, cada um tem o seu próprio trabalho, e temos que nos dividir um pouco. Tenho de gerir o meu laboratório com 17 pessoas e, apesar de não termos agora experiências a decorrer, ainda temos muitos dados para analisar e discutir e portanto temos reuniões. E para além disso há agora também toda a parte dos testes, e a gestão do instituto, porque faço parte da direção científica. Estamos todos a tentar adaptar-nos à situação. Pode ser que quando isto acabar pode ser que surjam algumas coisas positivas desta situação. Vê-se, tanto em Portugal como aqui, um certo espírito de apoio mútuo, de responsabilidade cívica e de ajuda aos outros. É uma das poucas coisas boas que têm surgido desta pandemia.

Em que momento percebeu que este ia ser um problema de grande dimensão para o mundo?
Nestas coisas não há um momento eureka. Muitos dos meus colegas e eu começámos a preocupar-nos desde que os primeiros casos surgiram na China, porque era de prever que alastrasse, e a preocupação foi depois aumentando. Mas ninguém podia prever a que ponto isto ia alastrar. Mesmo neste momento penso que ninguém sabe o que vai acontecer.

Esta é afinal aquela pandemia que os especialistas temiam que um dia viesse a acontecer?
Toda a gente pensava que ia ser um vírus da gripe. Havia a ideia de uma possível pandemia, e basta ver os discursos nesse sentido, de há bastante tempo, ​​​​​de Bill Gates ou Barack Obama, dizendo que era bom que estivéssemos preparados, e que os políticos estivessem preparados.

Olhando agora para a situação, os políticos estavam preparados?
Alguns menos do que outros. Se olharmos por exemplo para a Coreia do Sul, Singapura, Hong Kong e até a China, não sei se estavam preparados, mas reagiram rapidamente, e bem. E há outros exemplos, como a Nova Zelândia. Noutros países parece-me que se perdeu bastante tempo. O Reino Unido foi um deles, ou os Estados Unidos. E depois há outros que continuam com uma política que ninguém percebe bem, como a Suécia. Veremos como as coisas vão evoluir aí.

Na Suécia estaremos ainda a ver só a ver o princípio?
A Suécia tem mais do dobro das mortes em relação a Portugal, tendo o mesmo número de habitantes e uma densidade populacional muito menor. Mas é verdade que a curva do número de casos não parece estar a acelerar, como se poderia prever, visto que não tomaram grandes medidas de afastamento social. Pelo menos até agora.

É um caso para estudar?
Os casos são todos para estudar, porque há grandes diferenças. Portugal, com 22% da população com mais de 65 anos de idade, no fundo até nem tem uma grande taxa de mortalidade por milhão de habitantes. Comparando com Espanha, França e Itália, e considerando que temos uma grande faixa de população mais idosa, Portugal não está entre os piores.

Será por a doença ter chegado mais tarde e terem sido tomadas medidas de contenção rapidamente?
Penso que sim. O governo e a oposição agiram corretamente. Levaram isto a sério. Todos os países são diferentes e a situação política de cada país também influencia a situação, e é difícil comparar. O número de casos, por exemplo, é impossível de comparar porque isso tem a ver com o número de testes feitos. O que vale a pena comparar é o número de mortes por milhão de habitantes, mas mesmo aí também há falhas. Por exemplo, no Reino Unido não têm sido incluídas nos números da mortalidade pela doença as pessoas que morrem fora dos hospitais.

Disse que Reino Unido acordou tarde para a situação. Até houve muitas críticas, incluindo da OMS, acerca das opções tomadas. Como vê essas críticas?
Nenhum de nós tem o conhecimento total dos factos e dos fatores que levaram às decisões tomadas e portanto temos de ter cuidado, mas penso que houve ali uma altura em que se podia ter feito mais, de forma a diminuir o impacto que estamos agora a ver [até este sábado, o Reino Unido registou mais de 133 mil casos, dos quais 18.100 mortais]. Podiam-se ter preparado um pouco melhor em relação aos centros de testagem, ao equipamento de proteção essencial nos hospitais, e na questão do afastamento social. Mas, mais vale tarde do que nunca. Isso agora está a ser feito.


A ideia foi apostar na imunidade de grupo, numa altura em que não se sabia ainda como isso funciona em relação a este vírus.
Não se sabia, e ainda não se sabe. Foi uma aposta que me pareceu um bocadinho louca. É também a aposta da Suécia, que continuo a achar um bocadinho imprudente porque não sabemos quais são os parâmetros da imunidade adquirida em relação ao vírus, quanto tempo é que dura a proteção, quais são os mecanismos que levam a essa proteção, e nem sequer sabemos quais são os parâmetros que levam à própria doença. Para uma grande parte dos doentes mais graves, o problema é uma reação imunopatológica, que é a a própria resposta exagerada do sistema imunitário e que, em muitos casos, leva à morte. Ainda vai levar muito tempo para termos uma visão mais global da reação do sistema imunitário a este vírus.

Apostar na imunidade de grupo foi um equívoco?
Foi uma aposta de alto risco. Na Suécia, se ganharem a aposta mantêm a sociedade a funcionar, o que não aconteceu nos outros países. Mas neste momento não se sabe ainda o que isto vai dar em termos de imunidade, qual é a prevalência da infeção e, em relação às pessoas que foram infetadas e não tiveram sintomas, se estão realmente protegidas de uma reinfeção pelo vírus. Às vezes o problema dessas imunidades de grupo é não haver uma proteção completa. Há sempre a possibilidade de uma mutação no vírus que depois permita uma nova infeção. Isso aumenta o risco deste tipo de aposta.

Quais são os principais desafios que este vírus nos coloca?
Este é um vírus com uma taxa de infeção altíssima, que alastra muito facilmente e que tem risco de doença muito grave que pode levar à morte, sobretudo para os mais idosos, embora possa afetar também jovens. O desafio é científico. A única coisa que nos vai ajudar a sair desta crise é a investigação científica. Estamos perante o desconhecido. Ninguém sabe bem como o vírus funciona na sua interação com o sistema imunitário, o que é uma infeção assintomática e o que leva a uma doença grave, e ninguém sabe bem como se vai vacinar contra este vírus e se haverá medicamentos para a controlar. Tudo isso representa um desafio na imunologia, virologia, biologia celular e saúde pública. E a única forma é investir esforço e dinheiro para tentar perceber todas estas questões, o que terá de ser um esforço internacional. Em todo o mundo os cientistas mudaram parte do seu foco de investigação para trabalhar sobre este vírus, como acontece no nosso instituto. É importante dedicarmo-nos a este trabalho, mas temos de nos lembrar que às vezes as grandes descobertas em medicina vêm por vias inesperadas e portanto todos este esforço para estudar esta infeção tem de ser acompanhada de investigação básica sobre o corpo humano, o sistema imunitário, a epidemiologia e outros vírus em geral. E, em termos de saúde pública, o que está a acontecer não afeta só quem tem a doença, mas todos os outros que têm doenças crónicas e graves, como cancro ou doenças cardiovasculares, e que vão sofrer por não terem os tratamentos de que precisam porque os nossos sistemas de saúde estão completamente sobrecarregados. Isso vai contribuir para uma maior mortalidade em geral. Não podemos esquecer isso.

Este é o momento de aumentar verbas para a investigação científica?
Espero que os políticos e a população se deem conta de que uma das funções da investigação científica é dar resposta a este tipo de situação, e que todo o investimento feito ao longo dos anos deu frutos que podem ser usados em situações como esta. Se os políticos se lembrarem daqui a cinco anos, partindo do princípio que vamos estar fora desta situação daqui a cinco anos, que é importante investir na ciência e na formação de cientistas, será muito bom. Em geral, os políticos têm memória curta. Não sei se as coisas mudarão fundamentalmente, mas pelo menos de momento a população dá-se conta de que os únicos que podem tirar-nos desta situação são os cientistas, os médicos e as pessoas ligadas à saúde. Esperemos que isso perdure.

Vamos ter de ficar mais ou menos confinados até aparecer uma vacina?
Esperamos obviamente que haja uma vacina, mas todos sabemos que isso vai demorar bastante tempo, e temos de ver se será eficiente. Há países como a China e outros que estão cautelosamente a retomar a uma certa normalidade. Seria bom que houvesse um rastreio da população e uma forma de isolar os casos positivos muito rapidamente, e todos os seus contactos, o que talvez não seja uma política muito a nosso gosto nos países ocidentais, em que há uma certa relutância em perder uma parte da liberdade pessoal. É possível que não funcione em determinados países, ou que não seja possível fazê-lo. Vai haver soluções diferentes em países diferentes. Esperemos é que se baseiem em dados da ciência e sejam implementadas de forma racional. Reconheço que a economia e o bem-estar das populações são ambas prioridades, e os políticos vão ter de jogar com esses parâmetros e decidir o que será melhor para os seus países. Isto não vai desaparecer daqui a poucas semanas, mas também não sabemos quanto tempo isto vai durar.



24.10.18

Portugueses são os europeus que mais confiam nas vacinas

Ana Cristina Pereira, in Público on-line

O relatório "O estado da confiança nas vacinas 2018" alerta para o aumento do sarampo

Nenhum país da União Europeia confia tanto na eficácia das vacinas como Portugal. A desconfiança, porém, está a alastrar no espaço comunitário. Desde 2010, a cobertura vacinal do sarampo diminuiu em 12 dos 28 estados-membros.

As consequências estão à vista. O relatório "O estado da confiança nas vacinas 2018", publicado nesta terça-feira pela Direcção-Geral de Saúde e Segurança Alimentar da União Europeia, chama a atenção para o facto de os mais recentes surtos de sarampo terem sido “os mais elevados em sete anos”.

Exposição
Como o feminismo foi atacado pela histeria ao longo dos séculos
Só entre Setembro de 2017 e Setembro de 2018 foram reportados mais de 13 mil casos de sarampo na Europa. E, para os autores do relatório, é evidente que este é "o impacto imediato do declínio da cobertura" da vacina contra sarampo combinada com as vacinas contra rubéola e parotidite epidémica.

Entre 2010 e 2017, a cobertura da primeira dose desceu em 12 países da União Europeia. Em alguns, a confiança na segurança desta vacina atinge os valores mais baixos de toda a União. São os casos da Suécia, da Bulgária e da Letónia, com menos de 70% da população a expressar confiança.
Apesar de tudo, quase 80% dos cidadãos da União Europeia acreditam que esta vacina é segura. Em Portugal, essa percentagem alcança os 96%. Aliás, Portugal é o país da União Europeia em que mais se confia nas vacinas.
O melhor do Público no email

Nos 28 estados membros da UE, a percepção do público em relação às vacinas é positiva, com a maioria dosa cidadãos a acharem que as vacinas são importantes (90,0%), seguras (82,8%), efectivas (87,8%) e compatíveis com as crenças religiosas (78,5%). E Portugal tem a maior percentagem de pessoas que entendem que as vacinas são seguras (95,1%), eficazes (96,6%) e importante para as crianças (98,0%).

Mais de mil casos de sarampo por mês na Europa no último ano
Este estudo tem por base inquéritos feitos nos 28 países ao longo do mês de Maio. Por telefone e ou pela Internet, foram entrevistadas cerca de 29 mil pessoas, o que corresponde a uma amostra representativa.
Não existe limite de idade para iniciar o esquema vacinal desta vacina. Também não existe limite de idade para o completar. Em Portugal, a vacina contra o sarampo faz parte do Programa Nacional de Vacinação e normalmente é administrada aos 12 meses e aos cinco anos.

20.4.17

O que é o sarampo e como funciona a sua vacina?

Teresa Serafim, in Público on-line

Era considerada uma doença já esquecida, mas agora o sarampo voltou a ser notícia.

É uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus. Transmite-se por contacto directo e via aérea, como a tosse e espirros. O período de incubação do vírus do sarampo varia entre sete a 21 dias e o contágio dá-se quatro dias antes de surgirem erupções cutâneas.

Que sintomas provoca?

O primeiro sintoma do sarampo é a febre alta, dez ou 12 dias depois da exposição ao vírus. Também durante esta primeira fase pode haver escorrimento no nariz, tosse, olhos vermelhos e lacrimejantes e pequenos pontos brancos na mucosa oral. Depois, aparecem erupções cutâneas na cara e no pescoço. As erupções estendem-se ainda para as mãos e os pés. O sarampo causa diarreias, desidratação, infecção nos ouvidos, pneumonia e encefalite, e esta pode provocar lesões permanentes no cérebro ou mesmo a morte. Durante a gravidez, aumenta o risco de aborto ou parto prematuro.

Como é a vacina do sarampo?

Chama-se Vaspr, o acrónimo de vacina do sarampo, papeira e rubéola (portanto tríplice). É feita com versões enfraquecidas (ou atenuadas) dos vírus vivos destas doenças, obtidas através de culturas sucessivas em laboratório dos seus agentes patogénicos.
Risco de não dar vacina do sarampo "é muito maior"
Risco de não dar vacina do sarampo "é muito maior"

É administrada no músculo do braço ou da coxa. As crianças têm de tomar uma dose por volta do primeiro ano (é neste período que a imunidade que herdam das mães começa a desaparecer) e outra dose por volta dos cinco. A vacinação deve ser feita logo desde muito cedo, porque de outra maneira os bebés não teriam forma de se proteger de vírus e bactérias. As crianças não vacinadas beneficiam da imunidade de grupo criada pelos outros estarem vacinados, mas não contribuem para essa imunidade de grupo. Caso a pessoa tenha mais de 18 anos, só tem de tomar uma dose da vacina tríplice. Está protegido quem já tenha tido a doença ou tenha tomado duas doses da vacina. Mesmo para quem já teve sarampo, a Direcção Geral da Saúde (DGS) tem continuado a recomendar a vacinação.

Para quê a vacinação?

Esta é a principal forma de prevenir doenças, neste caso o sarampo. Esta vacina é gratuita e está incluída no Programa Nacional de Vacinação. As vacinas estimulam o sistema imunitário a produzir anticorpos contra os agentes patogénicos, como o do sarampo. Caso contacte com o vírus, o sistema imunitário reconhece-o e combate-o.

Quais os efeitos secundários?
Jovem que morreu não terá sido imunizada contra sarampo por ter feito alergia grave a outra vacina
Jovem que morreu não terá sido imunizada contra sarampo por ter feito alergia grave a outra vacina

“Os efeitos secundários são mais raros”, afirma Teresa Fernandes, da Direcção de Serviços de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde da DGS. Cerca de seis a dez dias após a vacinação, a criança pode ter uma leve subida de temperatura. Algumas crianças podem perder o apetite e ter uma erupção cutânea parecida com a do sarampo. E uma em cada 100 crianças pode ter convulsões febris, refere um relatório do Sistema Nacional de Saúde da Grã-Bretanha (NHS, na sigla em inglês). Em casos muito raros, as crianças podem ter pequenas pintas na pele nas seis semanas seguintes à vacinação. Ainda de acordo com o NHS, menos de uma em cada milhão de crianças tem encefalite (infecção cerebral). Mesmo assim, o NHS avisa que há poucas provas científicas que indiquem que a encefalite é causada pela vacina. Mas se a criança tiver sarampo, a probabilidade de ter uma encefalite sobe para entre uma em 200 e uma em 5000.

Quando não se recomenda a vacina?

Segundo Teresa Fernandes, não é recomendada a pessoas com imunodepressões e um sistema imunitário deficitário grave. “Pode provocar a doença”, afirma. Também não é recomendada a grávidas, embora não existam registos de contágio em fetos.

É segura?

“Após tantos anos de experiência e muitos milhões de vacinas administradas em todo o mundo, pode afirmar-se que as vacinas têm um elevado grau de segurança, eficácia e qualidade”, diz a DGS num relatório de 2015. E a introdução de uma vacina no mercado não é autorizada de qualquer forma. Tem de passar por várias fases: investigação em laboratório; ensaios em seres humanos; e, após a introdução na comunidade, há a verificação da sua eficácia e efeitos a longo prazo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) dá sete razões para se cumprir o dever da vacinação, como as “vacinas salvam vidas”, a “vacinação é um direito básico” e os “surtos de doenças ainda são uma ameaça para o mundo”.

Há alguma relação entre a vacina tríplice e o autismo?

Não. Esta suposta relação começou com uma fraude científica há quase 20 anos, que dizia que havia uma ligação da vacina tríplice ao autismo. Lançou assim o movimento antivacinas, que perdura até agora. Esta fraude foi cometida pelo médico inglês Andrew Wakefield, que falsificou dados hospitalares e os apresentou num artigo publicado em 1998 na revista médica The Lancet. Wakefield recebeu dinheiro de uma empresa de advogados, que queria processar os fabricantes de vacinas. Entretanto, o erro foi detectado pela comunidade científica e o artigo foi retirado de publicação. E Wakefield foi expulso da Ordem dos Médicos inglesa. Mesmo assim, continua a ser um ícone para os defensores da antivacinação, que se apoiam nesse artigo fraudulento para fundamentar as suas posições. Se o autismo e a vacina tríplice estivessem mesmo relacionados, existiriam ainda mais casos de autismo nas crianças vacinadas, refere a NHS.

Qual é a mortalidade do sarampo?

De acordo com um relatório da OMS, entre 2000 e 2015, a vacinação contra o sarampo evitou cerca de 20 milhões de mortes. Neste período, houve ainda uma diminuição de mortes em cerca de 80% (passando de 651.600 para 134.200). Em 2015, 85% das crianças de todo o mundo receberam uma dose da vacina do sarampo no primeiro ano de vida. Também em 2015, houve 134.200 mortes provocadas pelo sarampo - ou seja, 367 mortes por dia.
O melhor do Público no email

Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.
Subscrever

Quantos casos houve em Portugal nas últimas décadas?

Entre 2006 e 2014, vários relatórios indicavam que Portugal registou 19 casos de sarampo, quase todos importados. Hoje em dia, segundo Teresa Fernandes, cerca de 95% dos portugueses estão protegidos desta doença, seja por já terem sido vacinados ou por já a terem tido. Entre 1987 e 1989, foram identificados cerca de 12 mil casos e 30 mortes. Desde o início deste ano, já houve cerca de 21 casos confirmados. A vacinação contra o sarampo iniciou-se em Portugal em 1973 e a vacinação gratuita em 1974. Uma segunda dose da vacina começou a ser aplicada em 1990. E esta doença começou assim a ficar praticamente esquecida.