5.2.21

Passaporte de vacinas: uma ajuda à economia ou forma de exclusão social?

Bianca Marques, in Jornal Económico

Os “passaportes de vacinas” poderiam ser úteis para vários sectores, nomeadamente o das indústrias de viagens e entretenimento, que têm lutado para obter lucro.

Os governos mundiais e as empresas farmacêuticas e tecnológicas em todo o mundo estão a explorar o uso potencial de um “certificado de vacinas” como forma de reabrir a economia, identificando os que estão protegidos contra a Covid-19, segundo a “Reuters”.

Quem desenvolve as tecnologias, no entanto, aponta que tais ferramentas poderão trazer consequências, como potencialmente excluir grupos inteiros da participação social, e estão a tentar persuadir os legisladores a pensar seriamente sobre como poderiam ser usadas.

Ainda assim, os “passaportes de vacinas” poderiam ser úteis para vários sectores, nomeadamente o das indústrias de viagens e entretenimento, que têm lutado para obter lucro.

Para o fundador e presidente-executivo do iProov, Andrew Bud, os ditos “passaportes de vacina Covid-19” só precisam conter duas informações: “A pessoa foi vacinada? Quais as características físicas dessa pessoa?”.

A confirmação do estado de vacinação dos clientes também poderia ajudar a economia noturna a recuperar da crise em que está mergulhada. “Temos que tentar regressar à normalidade”, disse Sacha Lord, cofundador do festival de música Parklife da cidade.

“Não acredito que devemos forçar as pessoas a usarem certificados de que foram vacinadas. Deve ser uma escolha. Mas na entrada, se não tiver esse passaporte, teremos outra opção ”, acrescentou, sugerindo o uso de testes rápidos à covid-19.

Sasha Lord frisou ainda que com o surgimento de certificados de vacinação poderão “surgir questões potenciais em torno da discriminação, privilégio e exclusão da geração mais jovem que seria a última na fila para ser vacinada”.

Os certificados de vacina estão a ser lançados em alguns países e, nos Estados Unidos. Em sectores privados, os “passaportes de vacinação” estão a ser utilizados ​​para admitir clientes em eventos desportivos. É uma ideia que a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, em inglês) tem vindo a defender, mas sobre a qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) se desmarca.