22.2.21

Voluntariado: o trabalho invisível onde só o olhar já serve de agradecimento

in Notícias do Centro

Maria Natália tem 74 anos e depois de muitas décadas a tomar conta dos pequenitos agora está a “tomar conta de outros pequenitos”. É voluntária da Liga dos Amigos e Voluntariado do Centro Hospitalar Tondela Viseu e faz parte do grupo que está a ajudar com o processo de vacinação contra a Covid-19 em Viseu. É no Pavilhão Multiusos que os mais de dez voluntários, diariamente, ajudam os mais idosos.

“Sente-se aqui”, “pode vir para aqui”, “Está a sentir-e bem'”, “dê-me cá a sua bengala” ou “agora é a sua vez”. São estas pessoas que colocam a mão nas costas e encaminham quem se vê pela primeira vez num espaço onde, em corrida contra o tempo, se tenta vacinar aqueles que mais podem vir a ser afetados pela Covid-19.

Uma operação que está no terreno e que para vacinar todos os portugueses vai levar ainda meses. Para já, são os idosos com mais de 80 anos e os que têm doenças crónicas que estão a receber a primeira dose.

“O que aqui fazemos é um trabalho invisível, mas que nos dá a adrenalina para nos levantar todos os dias”, conta Maria Natália. Estão para ajudar, estão “para tudo”. Não precisam de agradecimentos. “Os olhos são suficientes para perceber que as pessoas estão agradecidas”, confessa a coordenadora Lurdes Cesário.

E se todos os dias são 10, a qualquer momento podem ser 40 voluntários, novos, velhos, no ativo, reformados. “Ajudamos cá fora, ajudamos lá dentro, ajudamos onde é necessário e estamos desde a primeira vacina e vamos ficar até à última”, garante, por seu lado, Luís Viegas, vice-presidente da Liga de Amigos que tem 40 voluntários a fazer quatro turnos de três horas por dia quer no Pavilhão Multiusos, quer no Hospital com a ajuda que dão nas consultas externas e, por exemplo, na higienização das mãos e colocação de máscaras a quem entra no Hospital.

Luís Viegas só lamenta que nesta questão da vacinação, os voluntários não sejam também vistos como profissionais de saúde. “Para umas coisas integramos as equipas e estamos no terreno, para outras nós não somos profissionais de saúde. Não somos, mas estamos a dar cobertura e uma retaguarda que é fundamental neste momento”, frisa.

Um reconhecimento que ficaria bem por parte das Tutela. “Os profissionais de saúde estão no limite e era importante que houvesse mais voluntários disponíveis”, desabafa.