João Barros, in Económico on-line
O paradoxo entre um dos destinos de praia mais famosos da Europa e a ameaça do frio dentro de cada casa durante os meses de inverno foi destacado na publicação internacional Politico, que atribui o problema à má construção que se banalizou na segunda metade do século XX.
A pobreza energética em Portugal e, especificamente, a incapacidade de uma percentagem significativa da população em manter a sua residência climatizada durante o inverno estão em destaque numa reportagem do Politico. A publicação destaca o contraste entre a imagem do país enquanto um paraíso de clima ameno e as condições de grande parte dos seus habitantes, incapazes de manterem as suas casas a salvo do frio invernal.
O artigo salienta que quase 20% dos residentes nacionais reportam ter dificuldades em manter a sua casa a uma temperatura aceitável durante os meses mais frios, uma consequência do boom na construção na segunda metade de século XX que resultou em edifícios com claras falhas de isolamento térmico.
Conforme ilustra a publicação, muitos são os portugueses que, a reboque dos elevados preços da eletricidade e gás natural, gastam pequenas fortunas mensais na climatização das suas casas. A alternativa, que passa por vestir casacos quentes, gorros e luvas dentro de casa, seria vista na maioria da Europa como intolerável e severamente ultrapassada.
Esta situação causa problemas na promoção de uma agenda verde e energeticamente sustentável em Portugal, como argumenta a peça, dada a dificuldade em reverter o problema. Apesar dos descontos criados pelo Governo de António Costa, este flagelo obrigaria a obras profundas na grande maioria dos prédios, uma opção com mais custos do que simplesmente deitar abaixo e reconstruir. Adicionalmente, este tipo de obras ficam fora das possibilidades financeiras da grande maioria das famílias portuguesas.