22.2.21

Senhorios convictos de que o incumprimento do pagamento de rendas se vai agravar em 2021

in Dinheiro Vivo

Cerca de 52% dos proprietários inquiridos no Barómetro da Associação Lisbonense de Proprietários mostram-se pouco confiantes no mercado em 2021, e dizem esperar uma aumento nos incumprimentos contratuais no pagamento das rendas.

Um estudo divulgado hoje pela Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) veio mostrar que é crescente a convicção de que os incumprimentos contratuais no pagamento das rendas pelos inquilinos se vão agravar em 2021, com 51,4% dos proprietários inquiridos a partilhar essa mesma opinião.

Na II Edição do Barómetro "Confiança dos Proprietários" é ainda possível constatar que perto de 40% dos inquiridos afirma ter rendas em atraso. Destes, mais de um terço (36,5%) acumula perdas de três a seis meses de rendas, e outro terço (33,9%) entre duas e três rendas em falta e, no pior dos cenários, há ainda uma parcela de 18,3% dos inquiridos tem mais de meio ano de rendas em atraso.

Ainda que com os resultados apresentados anteriormente a mostrar um quadro negativo para os proprietários, 65% não têm intenção de instruir um processo de despejo e, entre estes uma fatia de 40% afirmam que não o farão por "compreensão e solidariedade para com a situação de fragilidade social e económica dos seus inquilinos", com 38,9% dos respondentes a apontar a morosidade da justiça para não fazer valer os seus direitos consagrados contratualmente nos tribunais competentes.

No que respeita a valores, uma ampla maioria (77,3%) dos proprietários revela que não pretende alterar os preços das rendas e, apenas 10% da amostra pretende proceder a uma diminuição do preço que pratica. Por outro lado, os restantes inquiridos, cerca de 12%, pondera mesmo o aumento.

Relativamente aos programas de arrendamento acessível disponibilizados pelo Governo e pelas Autarquias no decorrer da pandemia da covid-19, estes não convencem a maioria dos proprietários, com 89,5% da amostra a afirmar que não confia nos mesmos e que não está disponível para colocar os seus imóveis, apesar dos atraentes incentivos fiscais.

"Os dados do presente estudo conduzido pela ALP demonstram claramente o enorme impacto que as sucessivas alterações à legislação do arrendamento e as medidas aprovadas em virtude da pandemia da covid-19 tiveram no funcionamento do mercado de arrendamento e na confiança dos proprietários nesse mercado", refere Luís Menezes Leitão, Presidente da ALP.

"É preciso por isso inverter rapidamente as políticas realizadas nos últimos anos, é a única forma de se conseguir um aumento da oferta de arrendamento, por forma a permitir que através do mesmo possa ser realizado o direito à habitação dos portugueses", adverte ainda.