5.4.07

Famílias carenciadastrocam vales por comida

Carla Soares, in Jornal de Notícias

As famílias carenciadas de Gondomar vão poder, muito em breve, trocar vales por produtos alimentares em mercearias do concelho. Os vales, que serão atribuídos mensalmente pela Câmara após uma selecção dos mais necessitados, poderão ser descontados no comércio local e em bens alimentícios e o objectivo é ajudar, ao mesmo tempo, os comerciantes tradicionais.

Ontem, foi apresentado o programa Dá, que rege a atribuição dos vales, cujo montante irá depender do número de elementos que compõem os agregados familiares. Os interessados já podem concorrer, bem como as mercearias que queiram aderir à bolsa que, numa iniciativa restrita aos últimos dois natais, chegou aos 35 estabelecimentos.

Quanto às famílias, nas últimas três semanas, foram analisadas 60. O critério para a selecção é o seguinte as famílias com rendimento per capita diário igual ou inferior a 2,5 euros receberão 15 euros. Esta é a base fixa a que se juntam cinco euros por cada pessoa do agregado. Os vales só podem ser trocados nas mercearias aderentes.

Para uma família com quatro elementos, o valor será de 35 euros. O JN deslocou-se a uma mercearia que participou na atribuição de cabazes nos dois últimos natais, iniciativa que a Câmara quer agora alargar a todos os meses do ano. Na mercearia "Monte Crasto", de Armando e Maria Augusta Branco, a expectativa é de que possam aderir também desta vez. Feitas as contas, chegou-se a um cabaz no valor de 35 euros. São 2,60 para dois pacotes de açúcar e o mesmo valor para dois pacotes de arroz; quatro euros para o azeite; três euros para um quilo de bananas e dois de maçãs; 9,40 para 12 litros de leite; 2,60 para quatro quilos de batatas; um euro para o óleo; quatro para as massas; 1,40 para uma dúzia de ovos; e 2,80 para os cereais. Ainda dá para dois quilos de cebola (dois euros) mas ficam de fora a carne e o peixe, já para não falar do bacalhau. Maria Augusta Branco conta que gosta de participar nestas iniciativas e relata "a emoção de receber" manifestada pelas pessoas.

De fora ficam também as bebidas alcoólicas. Aliás, Valentim Loureiro garante que todo o programa será pautado pelo rigor. Rigor sobretudo na escolha dos utentes-alvo mas também dos bens entregues. O major admite alargar o orçamento de 500 mil euros se necessário e responde às críticas da Oposição que o acusa de fazer campanha. "Pensam que isto vai dar votos mas nem sabem ainda se vou candidatar-me", atirou, acabando por falar também do caso do Apito Dourado. "Hoje sou um homem descomplexado. Já nada me atinge. Muitos gostam de dizer mal de mim para terem visibilidade", disse, referindo-se ao provedor dos telespectadores, após a sua entrevista na RTP. "Com apitos ou sem apitos, não conseguem silenciar-me", garantiu.