Destak/Lusa, in Destak.pt
A maioria dos jovens açorianos com qualificações técnicas e superiores não se encontra desempregado, garantiu hoje à Lusa o Diretor Regional do Emprego, Qualificação Profissional e Defesa do Consumidor (DREQPDC), Rui Bettencourt.
“A nova geração é mais qualificada porque sabe que o futuro está centrado no trabalho e numa profissão que exige qualificações para enfrentarem a mobilidade quê está disponível em todos os países da União Europeia”, sustentou o diretor regional, que falava à Lusa a propósito do encontro, que começa hoje em Bruxelas, sobre “as perspetivas dos jovens que vivem em ilhas da Europa”, para debater a identidade específica dos jovens insulares e a sua visão do projeto europeu.
Rui Bettencourt revelou que “dos três mil jovens que chegaram ao mundo do trabalho no ano passado 1.630 possuía formação técnico profissional e cerca de 600 eram licenciados”.
Atualmente o desemprego nos Açores é de nove por cento, abaixo dos 13 por cento da Madeira, 28 por cento nas Canárias (Espanha), 30 por cento na ilha de Reunião e 32 por cento em Guadalupe (ambas francesas), todas elas, tal como os Açores, regiões ultraperiféricas da UE.
“Apesar da percentagem de desempregados ser hoje, no arquipélago, mais elevada que no passado, por via da conjuntura atual, a maioria dos jovens açorianos com qualificação não está desempregado”, adianta Rui Bettencourt.
As estatísticas indicam que apenas cerca de dez por cento dos trabalhadores no arquipélago possui estudos superiores, média inferior à da Europa que atinge os trinta por cento.
“É preciso aumentar o número de licenciados e por isso as políticas de emprego quer do governo quer dos empresários são hoje mais exigentes”, asseverou.
Rui Bettencourt afirma que o futuro da região “não tem más perspetivas porque existem 60 mil jovens para 30 mil idosos, ou seja, dois jovens para um idoso, média melhor que a nacional onde há um jovem para um idoso e que a da Alemanha onde há um jovem para dois idosos”.
Sobre a saída de jovens açorianos para o estrangeiro em busca de melhores oportunidades, Rui Bettencourt garante que não é “tão acentuada como se julga”.
“No programa Eurodisseia nós enviamos 60 jovens para estágios na Europa e recebemos o mesmo número de jovens oriundos de vários países europeus e no final verificamos que 20 por centos dos nossos ficam por lá e 20 por cento de estrangeiros ficam por cá”, adiantou o responsável pelo emprego regional.
A troca é justificada “pela especialidade que os jovens possuem na sua formação mas também pelo casamento”, diz.
Segundo Rui Bettencourt, este movimento “está a abrir-se ao Québec [Canadá] que envia jovens para estagiar nas áreas do turismo e economia do mar enquanto recebem açorianos especializados nas áreas dos serviços e saúde”.
Estas movimentações são também justificadas pelo diretor regional com a “globalização, crescente e irreversível”, a que se acrescenta “a vontade que os jovens demonstram, nos inquéritos, em estagiar no estrangeiro com o objetivo de ganhar experiência”.
Segundo o responsável, “a quase totalidade dos jovens manifesta a vontade de tirar o mestrado, partir para conhecer realidades diferentes e nessa movimentação todos ganham com a troca de modelos de trabalho e vivência”.


