Clara Viana, in Público on-line
Não existem ainda dados oficiais quanto ao impacto da crise entre os estudantes do ensino superior.
A partir de amanhã, dia 7, o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade Técnica de Lisboa, vai ter aberta uma “conta solidária” destinada a apoiar os alunos desta faculdade que se encontram “em situação de dificuldade comprovada para liquidar as respectivas propinas” em consequência da actual crise económica.
O presidente do ISCSP, Manuel Meirinho, informou, numa nota enviada comunicação social, que os donativos recolhidos serão atribuídos através de concursos a que poderão concorrer alunos “em situação de manifesta carência económica e cuja conclusão de estudos possa estar em causa”.
Na concessão destes apoios será dada prioridade aos alunos que se encontrem na fase final da licenciatura (3.º ano) e que tenham “ um bom desempenho académico”, factor que será avaliado sobretudo em função da ausência de unidades curriculares em atraso.
A conta onde poderão ser depositados contributos foi aberta pela associação de antigos alunos do ISCSP, uma das entidades que se associou a esta campanha a que foi dado o nome Juntos em Tempos Difíceis. A ideia partiu de alunos e professores do Executive Master em Psicologia Positiva Aplicada daquela faculdade, foi apadrinhada pela presidência do ISCSP e apoiada pela Associação de Estudantes, que também se juntou à iniciativa.
Está ainda por fazer o balanço oficial do impacto da crise entre os estudantes do ensino superior, nomeadamente no que respeita ao número de alunos que já abandonaram os estudos devido a dificuldades económicas e quantos, por este motivo, deixaram de pagar as propinas (cerca de mil euros/ano).
Segundo um levantamento feito pelo Jornal de Notícias junto de instituições do ensino superior, em Janeiro seriam já 11 mil os alunos com propinas em atraso, o que corresponde a cerca de 3% do total de inscritos no ensino superior em 2012, o último ano com dados conhecidos. As associações de estudantes do ensino superior falam em nove mil desistências só durante este ano lectivo, que ainda vai a meio.
No mês passado, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) decidiu pôr-se em campo para apurar os “números reais” do abandono escolar no ensino superior. O presidente do CRUP, António rendas, garantiu na altura que os resultados devem ser divulgados em "Março ou Abril, para que as universidades possam ainda intervir sobre o problema este ano lectivo”.