11.2.13

Governo quer ajuda dos municípios para formar jovens para as empresas

Jorge Talixa, in Público on-line

O presidente da ANQEP admitiu que o Governo não tem dinheiro para equipar de novo as escolas, mas mostrou-se convicto de que o que existe é suficiente.

A principal aposta do Governo na área da qualificação vai passar pela formação profissional de jovens que, depois do secundário, não tenham perspectivas no ensino superior, mas possam responder às necessidades das empresas, disse esta quinta-feira Gonçalo Xufre, presidente da Agência para a Qualificação e Ensino Profissional (ANQEP).

Falando numa conferência de imprensa em Vila Franca de Xira, Xufre indicou que a concretização deste plano será feita através de protocolos com os 308 municípios do país, o primeiro dos quais foi celebrado, na quarta-feira, em Cascais, uma vez que o Governo não tem dinheiro para voltar a equipar escolas ou centros de formação. As autarquias e as comunidades intermunicipais deverão participar na definição dos cursos mais adequados para as necessidades das suas regiões, explicitou no decorrer de uma conferência sobre oportunidades de desenvolvimento para o concelho de Vila Franca de Xira.

No âmbito do acordo celebrado com a ANQEP, a Câmara de Cascais anunciou que “estão a ser criadas e alargadas parcerias que envolvem entidades formadoras com vocação para colocação dos jovens no mercado de trabalho”, nomeadamente nas áreas de Hotelaria e Turismo, Saúde, Mecânica Automóvel, Energias Renováveis e Música. Por representarem um "potencial de crescimento para a economia local", serão também estas as apostas no que respeita à rede do ensino profissional do concelho.

Segundo o presidente da ANQEP, o problema dos jovens qualificados sem emprego afecta sobretudo aqueles que concluíram o secundário, seguiram para a faculdade, mas não conseguiram acabar a formação superior. Por outro lado, é frequente as empresas não encontrarem jovens com formação técnica adequada às suas necessidades.

O Governo, segundo explicou, pretende que se aproveitem, em simultâneo, os equipamentos já existentes e as capacidades do pessoal docente. “Cerca de 47 por cento dos jovens do secundário já optam pelo ensino profissional. É uma realidade que não é marginal. Mas falta fazer a reestruturação, falta dar sentido, para que a formação corresponda às necessidades dos empregadores. É este sistema que é preciso conseguir montar”, vincou, salientando que “não há dinheiro” para voltar a equipar as escolas com, mas que é necessário aproveitar mais o que já existe em estabelecimentos de ensino (públicos e privados com contrato de associação) e nos centros de formação profissional.

A oferta do ensino profissional “deve ser construída em diálogo com as comunidades locais, porque as necessidades no Algarve não serão as mesmas de Trás-os Montes”, prosseguiu, admitindo que este será “um sistema educativo muito mais complexo de gerir”, porque cada curso carece de recursos humanos e materiais específicos, mas deve ser “dado no sítio certo” e corresponder às necessidades das empresas da região em causa.

Por exemplo, em Vila Franca de Xira, a EDP precisa de 600 novos profissionais habilitados na área das energias mas não os consegue encontrar no mercado, indicou. Para suprir esta falta, foi já criado um novo curso, através do qual vão ser formados 600 jovens que terão colocação naquele grupo energético, garantiu.