5.2.13

Maioria de trabalhadores rejeitou duodécimos

Ana Margarida Pinheiro, in Dinheiro Vivo

A proposta lançada pelo Governo para uma entrega fracionada dos subsídios de férias e de Natal não convenceu os portugueses, que ainda preferem receber os 13.º e 14.º meses.

O limite legal para os trabalhadores rejeitarem este pagamento terminou ontem e, apesar de alguma divisão, são várias as empresas que vão pagar mais subsídios integrais do que duodécimos.

Na Brisa, a maior parte dos trabalhadores utilizou estes cinco dias, que terminaram ontem, para declarar que não querem duodécimos. O pagamento integral é o que mais interessa a estes funcionários, que preferem receber o subsídio de férias no período imediatamente antes do gozo do descanso e o de Natal até ao dia 15 de dezembro.

O mesmo acontece na Autoeuropa, em que 99% dos funcionários rejeitaram os duodécimos. Tal como António Chora tinha afirmado ao Dinheiro Vivo há três semanas, a vontade da maioria passa por receber de forma integral, para fazer frente a despesas fixas como seguros ou livros escolares.

Na Amorim Turismo, o cenário é idêntico e não surpreendeu a direção, ainda que a expressão fosse maior do que a esperada. "As pessoas, apesar de tudo, estão mais dispostas a cortar ao longo dos meses do que nos subsídios," que usam para "pagamentos concentrados e pontuais", explicou Jorge Armindo, presidente do grupo. Na sede da Amorim Turismo, a adesão aos duodécimos foi de 50%, mas nos hotéis e nos casinos a percentagem ficou entre 10% e 30%. Ou seja, bem mais de metade dos trabalhadores não abrem mão dos subsídios integrais. O responsável não tem dúvidas de que esta percentagem representa "as pessoas com menor rendimento mensal" e que utilizam o fracionamento como forma de enfrentar o dia a dia.

Já na Corticeira Amorim, a maioria dos colaboradores manifestou-se, igualmente, a favor dos salários sem duodécimos, tal como na Kyaia. Fortunato Frederico, presidente do maior grupo de calçado, admite que a esmagadora maioria dos seus funcionários não quer duodécimos, o que não será estranho ao facto de "termos muita gente com o salário mínimo nacional". No final do ano, e consoante a assiduidade, são recompensados com parte dos resultados da empresa. "Quem nunca falta levou cerca de 600 euros", diz.

Na Sogrape, grupo detentor das marcas Mateus, Sandeman e Ferreira, a contabilidade não está terminada, mas "houve muita gente a dizer que não queria duodécimos". Surpresa, ou talvez não, é a construção. Tanto na Casais como na Gabriel Couto houve "casos pontuais" de trabalhadores a recusar o novo sistema.

Na Mota-Engil, só um terço permanece fiel aos subsídios por inteiro, tal como na BP, onde a divisão ficou em 60%-40%, com os duodécimos a vencer. Algumas empresas consultadas pelo Dinheiro Vivo ainda não somaram todas as respostas. Outras, como a Delta, alargaram o prazo internamente.

Nas empresas públicas a escolha não é possível já que os funcionários recebem obrigatoriamente o subsídio de Natal em duodécimos. Isto também se alarga às empresas de transportes como a CP, Carris, Metro de Lisboa, Metro do Porto, STCP e Refer.