in Jornal de Notícias
A diretora geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, defendeu a continuação de reformas profundas em países desenvolvidos e emergentes para promover o crescimento perante um contexto de incerteza.
Em declarações aos jornalistas, Christine Lagarde recordou que, tanto os países da zona euro, como os Estados Unidos e o Japão e as economias emergentes da China, Índia ou Brasil deverão promover reformas para evitar uma recaída na crise.
A responsável propôs que a zona euro se centre em "reformas estruturais e na união bancária" para sair da crise, considerando que a consolidação deverá realizar-se ao ritmo que cada economia exigir.
Lagarde congratulou-se com a intenção da União Europeia de avaliar a fundo os balanços dos bancos europeus para descobrir "os pontos fortes e fracos" antes de proceder a fases mais avançadas da união bancária.
Quanto à Grécia, a diretora geral do FMI confia que os parceiros da União Europeia manterão o seu compromisso com o país, que poderá necessitar de 11 mil milhões de euros adicionais para evitar a suspensão de pagamentos, um extremo que a Alemanha, que tem eleições legislativas em setembro, quer evitar.
"Não tenho razões para acreditar que os europeus não vão cumprir com a sua missão em relação à Grécia. A forma que as futuras medidas e a assistência tomarão será discutida numa fase posterior", disse.
Quanto a Espanha, Lagarde salientou os resultados positivos alcançados graças às reformas e que "é um país que fez muito e parece que os números estão a dar a volta, o desemprego estabilizou, apesar de continuar demasiado alto e afetar muitos jovens".
Quanto ao Brasil, a diretora geral do FMI indicou que o crescimento mais débil que o país enfrenta se deve a um "reequilíbrio" que responde a fatores externos e internos.
Christine Lagarde apelou à China para continuar a mudança de paradigma económico do "investimento interno para o consumo interno" e consolidar a chamada "banca na sombra", que se transformou numa alternativa de acesso ao crédito pouco controlada e um fator de instabilidade.
Ao Japão e aos Estados Unidos, Lagarde aconselha a "ancorarem" os planos de consolidação fiscal a médio prazo.
No caso do Japão, a responsável defendeu a implementação das reformas estruturais anunciadas pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe.
Lagarde lamentou as piores perspetivas de crescimento mundial este ano, depois do FMI ter atualizado, em junho, as suas previsões de crescimento global em duas décimas, para 3,1 %, devido a um ambiente de incerteza nas economias desenvolvidas e emergentes.
Na cimeira do G20, em São Petersburgo, na Rússia, entre 5 e 6 de setembro, o FMI vai apresentar novas propostas para melhorar a cooperação económica internacional, acrescentou.