Por Filipe Paiva Cardoso, in iOnline
Eurostat assume existência de 878 mil desempregados em Portugal em Julho, menos 42 mil que em Abril. Metade do recuo foi entre os jovens
É entre a população jovem que o desemprego mais tem caído nos últimos meses, sintoma de ser esta a faixa etária mais castigada por este flagelo, o que acaba por deixá-la à mercê de trabalhos precários, sazonais e muito mal pagos. Em Julho, avançou ontem o Eurostat, o desemprego em Portugal fixou--se nos 16,5%, valor que compara com os 17,3% registados no país em Abril deste ano. Em termos nominais, tal variação implica menos 42 mil desempregados em quatro meses.
Entre os jovens, a taxa de desemprego continua alta, ainda que esteja também em recuo sazonal: os 40,4% de jovens de-sempregados em Abril caíram para 37,4% em Julho, existindo agora 139 mil jovens sem emprego, contra os anteriores 159 mil - pelo que foi nesta faixa que surgiram metade dos empregos dos últimos meses, 20 mil.
A descida do desemprego em Portugal registada nos últimos meses, para a qual o governo não consegue encontrar qualquer justificação, tem sido alvo de algum debate, com a sazonalidade a ser uma das razões mais invocadas. O facto de muitos turistas apostarem em Maio/ Junho para fazer férias, o que fica evidente pelo aumento das vendas do sector turístico português em Maio último, terá alimentado grande parte da queda do desemprego. Outro factor que aponta para a sazonalidade está no escalão de rendimento em que estão a ser criados mais empregos: pelo menos 8 mil novos postos de trabalho surgiram com remunerações abaixo de 310 euros, segundo avançou o Dinheiro Vivo no início de Agosto. Este valor fica inclusivamente bem abaixo do limiar oficial da pobreza - em Portugal está fixado nos 420 euros se considerarmos 12 salários ou 360 euros se falarmos de 14.
TODOS JUNTOS Os países sob controlo da troika continuam a ser dos que mais estão a sofrer com o desemprego na Europa. Destaque para a Grécia e Chipre, os primeiros com 27,6% em Maio e os cipriotas já com 17,3% em Julho, ao passo que em Espanha, sob assistência indirecta da troika, a taxa persiste nos 26,3%. A queda do desemprego em Portugal acabou por fazer que a Croácia esteja agora acima da economia lusa, com 16,7% de desemprego.
Já na Alemanha, tudo a correr cada vez melhor: desemprego caiu de novo, batendo novos recordes mínimos, estando agora nos 5,3%. Nos vizinhos austríacos o mesmo: o desemprego está em 4,8%.