31.8.13

Desemprego em queda graças a salários abaixo do limiar da pobreza

Por Filipe Paiva Cardoso, in iOnline

Eurostat assume existência de 878 mil desempregados em Portugal em Julho, menos 42 mil que em Abril. Metade do recuo foi entre os jovens

É entre a população jovem que o desemprego mais tem caído nos últimos meses, sintoma de ser esta a faixa etária mais castigada por este flagelo, o que acaba por deixá-la à mercê de trabalhos precários, sazonais e muito mal pagos. Em Julho, avançou ontem o Eurostat, o desemprego em Portugal fixou--se nos 16,5%, valor que compara com os 17,3% registados no país em Abril deste ano. Em termos nominais, tal variação implica menos 42 mil desempregados em quatro meses.

Entre os jovens, a taxa de desemprego continua alta, ainda que esteja também em recuo sazonal: os 40,4% de jovens de-sempregados em Abril caíram para 37,4% em Julho, existindo agora 139 mil jovens sem emprego, contra os anteriores 159 mil - pelo que foi nesta faixa que surgiram metade dos empregos dos últimos meses, 20 mil.

A descida do desemprego em Portugal registada nos últimos meses, para a qual o governo não consegue encontrar qualquer justificação, tem sido alvo de algum debate, com a sazonalidade a ser uma das razões mais invocadas. O facto de muitos turistas apostarem em Maio/ Junho para fazer férias, o que fica evidente pelo aumento das vendas do sector turístico português em Maio último, terá alimentado grande parte da queda do desemprego. Outro factor que aponta para a sazonalidade está no escalão de rendimento em que estão a ser criados mais empregos: pelo menos 8 mil novos postos de trabalho surgiram com remunerações abaixo de 310 euros, segundo avançou o Dinheiro Vivo no início de Agosto. Este valor fica inclusivamente bem abaixo do limiar oficial da pobreza - em Portugal está fixado nos 420 euros se considerarmos 12 salários ou 360 euros se falarmos de 14.

TODOS JUNTOS Os países sob controlo da troika continuam a ser dos que mais estão a sofrer com o desemprego na Europa. Destaque para a Grécia e Chipre, os primeiros com 27,6% em Maio e os cipriotas já com 17,3% em Julho, ao passo que em Espanha, sob assistência indirecta da troika, a taxa persiste nos 26,3%. A queda do desemprego em Portugal acabou por fazer que a Croácia esteja agora acima da economia lusa, com 16,7% de desemprego.

Já na Alemanha, tudo a correr cada vez melhor: desemprego caiu de novo, batendo novos recordes mínimos, estando agora nos 5,3%. Nos vizinhos austríacos o mesmo: o desemprego está em 4,8%.