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Entre 650 e 850 pessoas terão morrido nos últimos dias quando tentavam chegar à Europa.
Terá sido a maior tragédia dos últimos anos no Mediterrâneo a envolver imigrantes ilegais e está envolta em contornos macabros. Quem viveu para contar diz que foi literalmente empurrado para a morte por traficantes sem escrúpulos.
Pelo menos 500 pessoas terão perdido a vida só num dos incidente dos vários ocorridos na última semana passada, a meio caminho entre o Norte de África e a Europa. Os testemunhos recolhidos e divulgados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) denunciam premeditação.
A viagem começou no Egipto e deveria acabar no Velho Continente, mas a meio os traficantes exigiram que os imigrantes trocassem de barco e prosseguissem a jornada em embarcações mais pequenas e frágeis.
Quando as pessoas recusaram a mudança de barco, por temerem pela sua segurança, os contrabandistas passaram à violência.
“Depois de abalroarem o nosso barco esperaram para garantir que a embarcação naufragava completamente antes de deixarem o local. E riam-se”, contou um dos sobreviventes aos elementos da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
“Quando o barco foi atingido pela primeira vez, um dos passageiros suicidou-se em desespero”, disse a mesma testemunha, que foi resgatada das águas do Mediterrâneo ao fim de vários dias e levada para a ilha grega de Creta.
Dois sobreviventes palestinianos contaram às equipas da OIM que trataram dos procedimentos para a viagem num “escritório” da Faixa de Gaza. Pagaram cerca de dois mil dólares e o destino seria Itália.
Foram levados de autocarro para o porto de Damietta, no Egipto, e embarcaram num navio onde estariam cerca de 500 pessoas, cerca de uma centena seriam crianças.
“Se os relatos dos sobreviventes se confirmarem, este será o pior naufrágio de imigrantes em anos, não uma tragédia acidental, mas o afogamento deliberado de imigrantes por grupos criminosos que extorquem dinheiro”, afirmou o porta-voz da OIM, Leonard Doyle.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), entre 650 e 850 imigrantes terão morrido nos últimos dias em vários incidentes com embarcações no Mediterrâneo, tornando a última semana uma das mais fatais para quem tenta chegar ilegalmente à Europa.