Empresas avisam que vão ter de despedir. Problema criado pelo novo confinamento vai ser levado pela confederação dos patrões ao Governo na Concertação Social.
As empresas de limpeza e de segurança paradas por causa do novo confinamento que começou na última sexta-feira - e que deve durar pelo menos um mês - garantem que não estão a ter acesso ao lay-off simplificado previsto para as atividades económicas que têm de fechar portas.
As duas associações de ambos os setores dizem que estão, na prática, a ter de pagar os salários a milhares de trabalhadores que, com o fecho de lojas, centros comerciais, restaurantes, call centers ou outros espaços onde trabalhavam - em regime de outsourcing - ficaram sem qualquer atividade.
O diretor executivo da Associação Portuguesa de Facility Services explica à TSF que só um dos associados que os contactou tem 500 funcionários nesta situação. Fernando Sabino diz que, se o Executivo não permitir o acesso ao lay-off simplificado - como aconteceu no primeiro confinamento de março e abril -, as empresas vão ter de fazer muitos despedimentos.
"Há muitas empresas sem nada para fazer e sem apoio", alerta o representante das empresas de limpeza, que não percebe o que mudou desde março e abril de 2020, bem como as razões para impedir que trabalhadores que ficaram sem atividade e que apenas não trabalham para a entidade laboral diretamente encerrada não tenham acesso ao apoio do Estado.
"Faz-nos muita confusão que, se um local é encerrado pelo Governo, os efeitos sejam diferentes para duas situações idênticas, pois os nossos trabalhadores trabalham no mesmo sítio e, se este fechar, ficam sem trabalho", adianta Fernando Sabino, que garante que as empresas "não suportam" estar meses sem receber e a pagar salários.
A Confederação Empresarial de Portugal confirma à TSF que já teve conhecimento deste problema e o presidente, António Saraiva, detalha que será levado à reunião da Concertação Social desta quarta-feira com o Governo.
Também o presidente da Associação de Empresas de Segurança recorda que este setor é de "mão-de-obra intensiva" e as empresas colocam os seus trabalhadores em várias áreas que agora têm de estar fechadas, sendo "fundamental" que a legislação seja alterada para terem acesso ao lay-off simplificado.
Rogério Alves fala numa "enorme injustiça" baseada num "excesso de 'legalite'", permitindo o acesso ao lay-off a empresas com fecho da atividade e ignorando que há empresas que trabalham para essas mesmas empresas, com trabalhadores exclusivamente aí colocados, que ficam sem o posto de trabalho, depois de um encerramento provocado pelo novo confinamento decretado pelo Estado.