28.1.21

“Não podemos ficar parados” : Vizinho Amigo procura nova missão

José Couceiro com Leonor Riso, in Sábado

O movimento surgiu em março do ano passado com o início da pandemia. Agora, esta rede de voluntários quer fazer mais para ajudar.

Martim Ferreira, líder do movimento Vizinho Amigo, e os quase 7 mil voluntários que fazem parte desta rede, chegaram à conclusão que era preciso fazer algo mais. "Vendo todos os dias nas notícias o estado caótico do SNS, os profissionais de saúde esgotados, com pouco recursos, achámos que tínhamos que nos reinventar" explica o jovem.

Sacos de papel 

A esta vontade juntou-se outra característica deste segundo confinamento: mais pessoas nas ruas. "Os grupos de risco também estão a sair mais à rua, estão a pedir menos ajuda aos nossos voluntários", diz. Com este maior número de voluntários disponíveis, o movimento também ouviu as suas opiniões e "muitos disseram que queriam ajudar mais", conta Martim.

A ideia é aproveitar os "enormes recursos humanos" que possuem e "aliviar a excessiva carga de trabalho dos profissionais de saúde" realizando tarefas com "pouco conhecimento técnico, como logística ou transporte". O jovem realça ainda que este novo projeto não se destina apenas aos atuais voluntários, "o ponto de partida são eles, mas estamos abertos a quem quiser ajudar".

Martim tem noção de que um projeto desta envergadura requer um planeamento detalhado. "Primeiro é preciso perceber se o SNS precisa de ajuda, onde precisa e em que tarefas específicas", garante à SÁBADO. Para tal já tentaram entrar em contacto com o SNS, mas sem obter uma resposta. Por isso, para já focam-se em conseguir que a mensagem chegue ao maior número de pessoas, pois, "toda a ajuda é necessária".

Contudo, os primeiros passos já foram dados. "Estamos em contacto com profissionais de saúde, com o Ministério da Saúde e organizações governamentais de apoio à saúde", com o objetivo de conseguir estruturar uma rede de voluntariado, e identificar "tarefas específicas em que possamos ajudar". Martim Ferreira termina com um apelo "queremos que as pessoas se juntem a nós, e nos ajudem a ajudar".

O foco do Vizinho Amigo continua a ser a proteção das pessoas de risco. Ajudando em compras de supermercado e farmácia, de forma a que estas não saiam de casa, o movimento foi criado por 15 estudantes universitários. Desde a sua criação, a 19 de março de 2020, tem tido uma grande adesão, contando já com mais de 7 mil seguidores no Instagram.