25.1.21

Banco Alimentar pede aos portugueses mais solidariedade em tempo de pandemia

Por Rui Silva com Sara Beatriz Monteiro, in TSF

Isabel Jonet sublinha que a pandemia tem causado dificuldades a um leque muito vasto de pessoas.

No dia em que assinala 30 anos de vida, o Banco Alimentar contra a Fome pede aos portugueses que sejam mais solidários neste momento de pandemia. A presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, alerta que os próximos meses vão ser de uma dificuldade como não há memória.

"Eu estou aqui há 27 anos e nunca vi tanto desespero e tanta falta de esperança aliada a um fator que é de medo, porque é um medo daquilo que desconhecemos desta doença, mas também do medo que temos que nos possa atingir a nós e aos nossos mais próximos. Há que ter muito cuidado para se evitarem ruturas sociais, mas também para que não falte o apoio de que muitas famílias vão precisar ainda. Nós vamos enfrentar meses muito duros e tem de haver uma solidariedade muito reforçada de todos os portugueses", adianta à TSF.

Isabel Jonet sublinha que a pandemia tem causado dificuldades a um leque muito vasto de pessoas: "Há muitas famílias que nunca tinham estado numa situação de pobreza e que se encontram hoje privadas dos seus rendimentos em muitos casos de forma abrupta e brusca. Estas famílias têm um perfil completamente diferente. São famílias mais novas, com filhos, que tinham a vida organizada e uma expectativa de vida boa."

O Banco Alimentar Contra a Fome foi criado a 23 de janeiro de 1991 pela mão de José Vaz Pinto. Isabel Jonet está no cargo há 27 anos e destaca que este é o maior movimento da sociedade civil desde o pós-guerra.

Desde o primeiro dia, o Banco Alimentar tem como principal missão lutar contra o desperdício. O modelo de gestão profissional veio também trazer mudanças no voluntariado em Portugal, explica Isabel Jonet.

"Todas as pessoas que asseguram as coordenações das várias comissões são voluntárias. E isso fez com que o Banco Alimentar tivesse mudado e tivesse contribuído para criar um voluntariado completamente diferente em Portugal. Um voluntariado mais jovem, mas onde o profissionalismo é encarado como algo que pode ser exercido. O voluntariado que temos hoje em Portugal é muito fruto daquilo que o Banco Alimentar permitiu construir ao longo destes 30 anos", sustenta.

Atualmente, existem em todo o país 21 bancos alimentares que distribuem diariamente 110 toneladas de alimentos, apoiando mais de 450 mil pessoas, 4% da população.