Por Lusa, in Público on-line
O Instituto Europeu para a Igualdade de Género assinala uma prevalência de desigualdade de género elevada nas jovens mulheres (15 aos 24 anos), nas mulheres com menos qualificações e nas mulheres estrangeiras.
A crise pandémica está a afectar “desproporcionalmente” as jovens mulheres, indica uma investigação do Instituto Europeu para a Igualdade de Género, divulgada numa reunião de alto nível da presidência portuguesa da União Europeia (UE).
Os resultados preliminares — enviados à Lusa pelo Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE, na sigla em inglês), ao qual a presidência portuguesa da UE pediu que elaborasse uma “nota de pesquisa” sobre o impacto da pandemia nas mulheres — revelam ainda que as oportunidades de emprego para as mulheres que já tinham menos oportunidades antes da crise pandémica “diminuíram desproporcionalmente e têm um efeito a longo prazo potencialmente maior”.
“Manter o emprego está a ser especialmente difícil para as mulheres”, constata-se nas primeiras conclusões da pesquisa, que, esta segunda-feira, 25 de Janeiro, serão partilhadas com os técnicos de todos os Estados-membros que participam na reunião de Alto Nível para o Mainstreaming de Género.
O estudo do EIGE reflecte já uma prevalência de desigualdade de género elevada nas jovens mulheres (15 aos 24 anos), nas mulheres com menos qualificações e nas mulheres estrangeiras.
Recorrendo a dados do Eurostat, o EIGE refere que as necessidades de emprego no segundo semestre de 2020 eram de 16,9% para as mulheres e de 12,5% para os homens.
Estes primeiros dados mostram ainda que há uma percentagem superior de mulheres em teletrabalho — 45%, face a 30% de homens —, sendo que o EIGE reconhece impactos positivos e negativos nesta forma de trabalho. Entre os primeiros está “um aumento da flexibilidade e potenciais novas dinâmicas de género na divisão de tarefas domésticas e de cuidado”. Entre os segundos estão “obstáculos à progressão na carreira, efeitos psicológicos e aumento da violência doméstica”.
Os resultados preliminares recordam que há mais mulheres do que homens em trabalhos não convencionais, que enfrentam um maior risco de perder o emprego e de ver o salário reduzido ou a protecção social diminuída ou eliminada.
Além disso, “as mulheres desempregadas tendem a ficar inactivas muito mais do que os homens [na mesma situação]”, observa-se.
Como ainda há muitas mulheres que trabalham em sectores que não podem estar em teletrabalho, como a agricultura e o têxtil, esta situação poderá vir a criar “uma nova divisão entre quem podem estar em teletrabalho e quem não pode”, assinalam estes primeiros resultados, realçando também que as mulheres estão em desvantagem nas competências digitais, sobretudo as mais velhas.