O presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado defende "a responsabilização" de quem trouxe refugiados para Portugal e não providenciou o seu alojamento.
A Comunidade ortodoxa de Aveiro denunciou que, em vários pontos do país, houve ucranianos que chegaram a Portugal em transportes particulares, sem terem alojamento garantido.
Eugénio da Fonseca, Presidente da Confederação do Voluntariado defende a necessidade de se "educar para a solidariedade". Em entrevista à Renascença, o responsável adianta que “apesar de aparentemente ter havido um gesto de boa vontade essas pessoas agora têm que levar até ao limite aquilo que fizeram, e ter que ser responsabilizadas por isso”, porque “há que educar as pessoas para a solidariedade, pois o voluntarismo é algo inato porque nós somos feitos para nos darmos aos outros, mas nem sempre estamos devidamente educados” e é preciso que “sejamos capazes de fazer bem, aquele bem que pretendemos fazer”.
Voluntarismo: “atitudes acabam por ser mais prejudiciais do que benéficas”
Em declarações à Renascença, Alberto Teixeira, responsável da logística da operação humanitária montada pela comunidade ortodoxa em Aveiro, confirmou que pelo menos 17 das 20 pessoas socorridas estavam na rua sem apoio em diversos pontos do país.
Para o Presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado estamos na presença de “situações de imprudência, que podem demonstrar -sem eu querer julgar ninguém- que mais que o interesse pela defesa dos refugiados, possa ter tido como motivação efetiva a necessidade de responder às emoções que são momentâneas e muitas vezes não refletidas, e também à projeção da própria pessoa”.
Eugénio da Fonseca sublinha que “Estes tipos de atitudes acabam por ser mais prejudiciais do que benéficas”, e reforça que “até se ter a noção clara do tempo que pode durar o conflito armado, há que investir em boas condições de acolhimento, com tempos de ocupação útil do tempo, com uma compensação monetária equivalente”.
Por outro lado, sustenta ser “desejável que a recolha de bens se faça com a garantia de transporte para os lugares de destino em tempo oportuno”, e “que seja doado só o que se saiba ser o mais necessário e em condições respeitadoras da dignidade dos destinatários” e por fim “que se conte sempre com o conhecimento e apoio das diferentes comunidades ucranianas”.
Noutro plano, o responsável defende ser o momento de se rever a lei do voluntariado, e de “dar maior importância ao voluntariado de vizinhança”. “Deve ser prevista na revisão da lei que é urgente sobre o voluntariado a possibilidade de haver pessoas, que apesar de não quererem estar integradas em instituições de voluntariado, poderem querer ter ações voluntárias, mas que mesmo para isso devam estar devidamente preparadas”, remata.ext