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Desde 2014, o Mediterrâneo é “a rota migratória marítima mais mortal do mundo”.
As organizações SOS Méditerranée, Médicos Sem Fronteiras e Sea-Watch pedem aos países da União Europeia um dispositivo de busca e salvamento no Mediterrâneo Central que salve os migrantes e lhes dê um porto seguro para desembarcarem com brevidade
O apelo destas organizações não-governamentais (ONG) surge numa altura em que um total de 659 migrantes – incluindo 150 menores – esperam há dias a bordo do navio de MSF Geo Barents que um país europeu lhes diga onde podem desembarcar.
Estas organizações humanitárias sublinharam, em comunicado, que “na época de verão, quando as condições meteorológicas são mais favoráveis para tentar uma viagem tão perigosa, as saídas da Líbia são mais frequentes, pelo que é necessária uma frota adequada de busca e salvamento”.
Desde 2014, o Mediterrâneo é “a rota migratória marítima mais mortal do mundo”, sublinham, lembrando que, desde então, um total de 19.737 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo central.
“Só desde o início de 2022, o número de mortos chega a 907 vítimas. A realidade é provavelmente pior, devido a possíveis naufrágios sem testemunhas”, acrescentam.
Segundo as ONG, a incapacidade da Europa “de se comprometer com um esforço de busca e salvamento no Mediterrâneo central, bem como os atrasos na atribuição de um local de desembarque seguro, prejudicaram a integridade e a capacidade do sistema de busca e salvamento e, portanto, a possibilidade de salvar vidas”.
Na nota, as organizações apontam igualmente o dedo à guarda costeira líbia, considerando que negligencia “a sua obrigação legal de coordenar a assistência” e, quando intervém, “repatria sistemática e forçosamente os sobreviventes para a Líbia, um país que não pode ser considerado um porto seguro segundo a ONU”.
O último balanço da Organização Internacional para as Migrações (OIM) revela que 61.450 pessoas atravessam o Mediterrâneo para chegar à Europa este ano. Mais de 1.200 estão dadas como desparecidas ou mortas.