Beatriz Lopes, in RR
No podcast desta semana, falamos sobre a forma como os interesses dos jovens estão a mudar e deixamos algumas sugestões de projetos de ocupação de tempos livres, iniciativas de voluntariado e até de oportunidades de trabalho internacionais durante as férias.
São mais aventureiros do que as gerações anteriores, estão sempre de malas prontas para viajar, mas preferem fazê-lo lá fora do que no próprio país. Dão mais valor a experiências ao ar livre, porque já têm consciência de que às vezes é preciso fazer um "retiro" para desligar do mundo virtual e pensam mais nas férias como um investimento na formação e não tanto como um mero contemplar de monumentos.
São estas algumas das conclusões dos estudos internacionais feitos por plataformas de reservas - como a Booking e a GetYourGuide - que se têm dedicado a explorar as preferências da Geração Z, a mais disposta a investir poupanças em viagens.
No podcast Geração Z desta semana, falamos sobre a forma como os interesses dos jovens estão a mudar e deixamos algumas sugestões de projetos de ocupação de tempos livres, iniciativas de voluntariado e até de oportunidades de trabalho internacionais.
Que tal fazer um Interrail por 33 países da Europa? Ou participar em projetos com outros jovens no estrangeiro com alojamento, refeições e viagens a custo zero? Ou mesmo por cá, ajudares em ações de vigilância e sensibilização para os incêndios?
São convidados do Geração Z, Carlos Manuel Pereira, do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e Coordenador Nacional do Ano Europeu da Juventude; e Joana Fialho, de 19 anos, voluntária na H2O - Associação de Jovens de Arrouquelas, uma pequena aldeia de Rio Maior que Joana quer agora tornar "mais jovem", envolvendo todas as gerações em atividades que passam não só pela culinária, mas também pela partilha de experiências com jovens voluntários de outros países.
É a vontade de "sair da zona de conforto" que leva Joana a envolver-se em projetos que a "desafiam intelectualmente" sempre que está de férias. Já esteve em Espanha e na Polónia, no âmbito dos chamados Youth Exchanges, encontros internacionais - geralmente de uma semana - que permitem que grupos de jovens de diferentes países partilhem experiências e conheçam novas culturas.
"Quando fui à Polónia, foi a primeira vez que saí de Portugal e viajei de avião. Consegui fazer amigos, falamos regularmente através das redes sociais, e estes projetos são também muito bons para desenvolvermos a comunicação. Foi através destes projetos que aprendi inglês. Na escola nem sempre conseguimos desenvolver este tipo de competências".
Uma geração que prefere experiências na natureza e não pode ser medida em pixels
Joana dá força às estatísticas e acredita que pertence a uma geração que está cada vez mais consciente de que é preciso viver as experiências e cada momento na sua plenitude, em vez de passar o tempo a tirar fotografias para as redes sociais. Se conseguem fazê-lo? "Sim. É tudo uma questão de equilíbrio".
"Nós é que controlamos o uso que fazemos das redes sociais. E se nós conseguimos viver os momentos e ser proativos, também conseguimos estar um bocadinho no telemóvel. Só temos que ter em atenção se o tempo que passamos na internet é de qualidade ou não."
De acordo com o Bloomberg, que cita dados das Nações Unidas, em 2019 já existiam mais jovens da Geração Z (32%) do que Millennials (31,5%), o que tem levado as indústrias e as agências de viagens a adaptarem-se ao novo perfil destes consumidores que tendem a desligar-se mais das redes e a conectar-se com a natureza. Carlos Manuel Pereira diz também acreditar que esta é já "uma tendência vincada".
"Já há alguns anos que as pessoas procuram regressar ao contacto com a natureza e, sobretudo os jovens, que obviamente têm mais energia, têm uma consciência ambiental mais vincada fruto daquilo também que aprendem e que lhes é passado nas escolas, e também porque sentem que vão ser a geração que vai sentir os eventuais danos que possam ser causados pelo impacto ambiental. Portugal é um país privilegiado para encontrar oportunidades de contacto com a natureza, onde seja possível fazer atividades desportivas ao ar livre, também desenvolver projetos culturais juntamente com os amigos ou com as populações que encontram em cada um desses locais."
O também coordenador nacional do Ano Europeu da Juventude sublinha, por isso, a importância de os jovens olharem para os vários programas disponíveis no âmbito da União Europeia ou outros disponibilizados pelo Instituto Português do Desporto e Juventude e deixa uma garantia: "Há muitas oportunidades e existem muitos recursos, nós gostamos de gastar todos esses recursos e os jovens podem contar connosco para responder aos seus desejos e anseios".