Para a organização de defesa do consumidor, o aumento de preços de bens de primeira necessidade é cada vez mais preocupante.
A taxa de poupança das famílias iniciou um trajeto de queda acentuada para valores próximos do período pré-covid, situando-se agora nos 8%, ou seja, menos do que os 10,7% registados no primeiro trimestre do ano, alerta a DECO.
Segundo um comunicado da organização de defesa do consumidor, se em 2021 houve registo da maior taxa de poupança das últimas décadas (14,3%), os atuais níveis de inflação e o previsível aumento das prestações de crédito devido à subida das taxas de juro originou uma inversão.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística, de acordo com a Deco Proteste, mostram que o rendimento das famílias portuguesas aumentou 1,4% entre abril e junho deste ano face ao primeiro trimestre de 2022. No entanto, "a despesa de consumo final subiu 4,1% determinando uma redução da taxa de poupança".
Para a DECO, o aumento de preços de bens de primeira necessidade é cada vez mais preocupante. A título de exemplo, o cabaz alimentar custa atualmente mais 22,11 euros do que no início do ano e o setor da energia já antecipa aumentos nas suas faturas que terão um novo impacto na gestão orçamental dos portugueses.
Em maio deste ano, já tinha alertado que quatro em cada dez portugueses não tinham margem financeira para enfrentar um eventual agravamento da crise.
A associação do consumidor diz, ainda, que os portugueses já "começaram a diminuir outras despesas", incluindo as relativas ao consumo de água ou energia.
Um estudo recente diz que as atividades sociais, culturais e de lazer também sofreram uma redução e a compra de produtos de lazer e de vestuário está em compasso de espera ou foi mesmo cancelada. E 10% dos inquiridos assume mais dificuldades quanto ao pagamento das despesas de educação dos filhos.