20.7.11

Um país de enfermeiros, gestores e engenheiros

por Kátia Catulo e Marta F. Reis, in iInformação

Os quatro ramos da Engenharia somam 12% das vagas no ensino superior público. Candidaturas arrancam amanhã

Hoje é dia de reflexão para quem a partir de amanhã concorre ao ensino superior. Uma análise das vagas disponíveis nas universidades portuguesas mostra que há escolhas para todas as vocações, mas também para todas as médias. O ranking das licenciaturas com mais lugares é dominado pelas engenharias. E apenas quatro - Civil, Informática, Electrotécnica e Mecânica - somam 6495 vagas, 12,1% das disponíveis no concurso de acesso ao ensino superior. Enfermagem é ainda assim a licenciatura com mais lugares, 1986 no total, seguindo-se os cursos de Gestão, onde este ano há oportunidade de acesso para 1952 alunos.

Esta análise, a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério da Educação e Ciência, permite contudo perceber que até nos cursos mais populares, independentemente das vagas, a amplitude nas notas de acesso ainda é grande quando se comparam as diferentes ofertas a nível nacional. Em Enfermagem, só no sistema público, a Escola Superior de Saúde de Santarém registou o ano passado a nota de entrada mais baixa: uma média de 9,6 valores. Se quiser tentar a candidatura na Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho, no extremo oposto, deve contar com uma média mínima de 15,9 valores. O cenário repete-se mesmo em cursos com notas muito elevadas. É o caso de Bioengenharia: se quiser ocupar uma das 60 vagas do curso da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto deve contar com uma média superior a 18. Caso opte por concorrer à Universidade da Beira Interior, bastará uma média de 12: o último candidato admitido o ano passado entrou com 11,8. Também nas Ciências Biomédicas poderá não ser necessário desistir logo à partida, caso não tenha sido um aluno excepcional. Na Universidade do Minho, o último colocado tinha 17,8, mas no Instituto Politécnico de Setúbal 10 valores foi o suficiente

Os mais difíceis. Apesar destes casos, que merecem uma leitura atenta da informação disponível no site da Direcção-Geral do Ensino Superior e do Guia de Acesso ao Ensino Superior, há sempre os cursos onde a nota alta de entrada é incontornável. Para conseguir um dos 1517 lugares de Medicina (num total de nove cursos), a hipótese mais "fácil" está na Universidade dos Açores - embora a média atinja 17,8. O curso que bate o recorde de exigência surge na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, onde o último colocado na 1.a fase de candidaturas de 2010 tinha média de 18,52. Medicina Dentária é outro curso onde não há grande volta a dar: sem média acima de 17, se se mantiver o patamar do ano passado, o candidato não tem grandes hipóteses.

Há, porém, algumas constatações para ajudar os candidatos mais desesperados. Arquitectura é um bom exemplo da oportunidade que podem ser os cursos em regime pós-laboral. Na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, onde o acesso normal exige média acima dos 17 valores, o último colocado nas 31 vagas do curso nocturno tinha média de 11,95. Há um senão: são quatro vezes menos vagas.

Resta alertar para as análises de empregabilidade da tutela, mesmo que o cenário possa ser diferente daqui a três ou cinco anos, quando os actuais candidatos terminarem os estudos. Ciências Empresariais, Sociais e de Comportamento e Educação são as que têm mais desemprego, segundo a análise dos inscritos nos centros de emprego no final do ano passado. Matemática, Informática e Estatística são as áreas onde parece haver menos dificuldade.