in Jornal de Notícias
Milhões de pessoas poderiam escapar da pobreza, da fome e da degradação ambiental se os países fizessem um maior esforço para promover os sistemas agroflorestais, de acordo com um novo guia publicado, esta terça-feira, pela Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), os sistemas agroflorestais são uma abordagem integrada que combina a floresta com produção agrícola e animal.
O setor agroflorestal é uma importante fonte quer de produtos locais (lenha, madeira, fruta e forragem), como de produtos para exportação (coco, café, chá, borracha e resina), sublinha a agência da Organização das Nações Unidas (ONU).
A FAO indica que cerca de metade das terras agrícolas do planeta tem uma cobertura florestal de pelo menos 10%, daí a importância dos meios de subsistência agroflorestais para milhões de pessoas.
No guia publicado esta terça-feira, que se destina aos decisores, aos conselheiros políticos, às Organizações Não Governamentais (ONG) e às instituições governamentais, a FAO explica como integrar os sistemas agroflorestais nas estratégias nacionais e como adaptar as políticas a condições específicas.
O guia contém exemplos das melhores práticas em sistemas agroflorestais e dos casos de sucesso, bem como das lições aprendidas a partir de desafios e falhas.
O documento citou o Brasil e algumas das suas experiências, como o falhanço do programa Proambiente, na Amazónia, considerado ambicioso e que pretendia que os agricultores preservassem parte da vegetação nas suas parcelas de terra, cumprindo certos princípios de agroecologia.
O projeto falhou porque faltaram mecanismos de pagamento para os agricultores e de fiscalização.
"Em muitos países, o potencial dos sistemas agroflorestais em criar valor para agricultores, comunidades e indústria ainda não foi totalmente explorado", afirmou Eduardo Mansur, diretor da Divisão de Avaliação, Gestão e Conservação Florestal da FAO.
"Apesar dos seus muitos benefícios, o setor agroflorestal é prejudicado por políticas adversas, restrições legais e falta de coordenação entre os setores para os quais contribui, nomeadamente a agricultura, a silvicultura, o desenvolvimento rural, o meio ambiente e o comércio", sublinhou Mansur.
O guia da FAO recomenda 10 processos para a ação política, incluindo a sensibilização dos agricultores e da comunidade internacional em relação aos sistemas agroflorestais, a reforma de normas agrícolas, florestais e rurais desfavoráveis e o esclarecimento dos regulamentos políticos relativos ao uso da terra.
Segundo o documento, os agricultores que introduzam árvores nas suas explorações devem ser recompensados pela prestação de serviços ambientais à sociedade através de incentivos financeiros ou de outros incentivos.
O guia foi desenvolvido pela FAO em colaboração com o Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF), o Centro de Ensino Superior de Pesquisa Agrícola Tropical (CATIE) e o Centro Internacional de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (CIRAD).