por Lusa, texto publicado por Isaltina Padrão, in Diário de Notícias
O Movimento Escola Pública divulgou hoje um manifesto no qual afirma que "sem Educação de qualidade não há país que sobreviva à crise" e alerta para o facto de que apenas 32% dos portugueses possui o ensino secundário.
"O Governo quer empurrar-nos ainda mais para trás: só 32% da população portuguesa tem o ensino secundário contra 72% no conjunto dos países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos]", afirmam os signatários do documento, entre eles, Carlos Gomes, da Plataforma pela Educação.
"O ataque à escola pública faz-se sentir todos os dias: dezenas de milhares de professores ficaram sem trabalho, o número de alunos por turma aumentou, milhares de estudantes do ensino superior abandonam as universidades por não poderem pagar ou endividam-se cada vez mais", lê-se no texto intitulado "Maré da Educação".
Segundo o manifesto, pretende-se "criar uma educação para ricos e outra para pobres".
"O Governo da 'troika' insiste em penalizar o povo, encarando a escola pública como mais uma despesa a cortar", lê-se no manifesto.
"Não foram os alunos, nem as famílias, nem os professores, os responsáveis pela dívida que aumenta todos os dias e cujo abuso dos juros anuais supera o orçamento para a Educação", argumentam os autores do texto, maioritariamente professores, como Belandina Vaz, Isabel Borges, Patrícia Figueira e Rui Foles.
"Investir nas pessoas é investir no país de forma responsável, mas tudo está a ser feito ao contrário", atesta o documento que conta entre outras com a assinatura dos estudantes Rodrigo Rivera, Maria Figueiredo e Filipa Gonçalves.
Segundo o texto, divulgado hoje, "a taxa de licenciados [em Portugal] continua muito baixa" e Portugal é "dos países com as propinas mais elevadas da Europa".
Para os subscritores "não há salvação possível quando se atacam os serviços públicos, quando se faz disparar o desemprego, quando se empobrece a escola pública".
"Em vez de investir no que pode levantar o país, o Governo ataca a Educação. O investimento neste setor desceu de 5,9% para 3,8% do Produto Interno Bruto em dois anos, menos de metade da média do investimento nos países da OCDE", argumentam.
Segundo os autores, "a inclusão de agentes externos, nomeadamente bancos, nos conselhos de gestão das universidades prova a intenção do Governo em subjugar o Ensino a uma lógica de mercado e não de conhecimento e cidadania".
"Não aceitamos que um bem público seja posto à venda!", declara o manifesto que conta com as assinaturas dos dirigentes estudantis João Mineiro e Inês Tavares.
No texto é também criticada a posição do Governo e da 'troika' que "ameaçam com mais horas de trabalho, com mais precariedade e despedimentos de professores, propinas ainda mais caras e desde o secundário",