29.5.14

Feministas suecas entram no Parlamento Europeu com deputada de etnia cigana

in JN mobile

As feministas suecas conseguiram um lugar no Parlamento Europeu, que será ocupado por uma deputada de etnia cigana.

O partido Iniciativa Feminista obteve 5% dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu, onde se fará representar por Soraya Post, 57 anos, que considera "inaceitável" e "vergonhosa" a situação que os ciganos vivem hoje na Europa.

"Os 15 milhões de ciganos vivem em estado de guerra na pacífica Europa de 2014", disse a ativista de direitos humanos, de etnia cigana e mãe de quatro filhos.

Fundado há nove anos pela empresária Gudrun Schyman, famosa por ter queimado 100 mil coroas suecas (11 mil euros) em protesto contra a desigualdade salarial entre mulheres e homens, o partido Iniciativa Feminista conseguiu reunir o número de votos suficiente para dar entrada no Parlamento Europeu.

Para além do carisma da líder, o partido conta também com apoios externos relevantes, por exemplo da atriz nova-iorquina Jane Fonda e de Benny Anderson, elemento do grupo musical sueco Abba, que doou mais de um milhão de coroas (110 mil euros) para financiar as campanhas das feministas.

"Muitas pessoas veem a Suécia como uma espécie de paraíso para as mulheres na Europa. Mas isso é um mito. Temos desigualdades de género e violência contra as mulheres", destaca Gudrun Schyman, que, no passado, chegou a comparar a situação das mulheres suecas com a das afegãs e defendeu a criação de um "imposto masculino", para compensar os anos de violência machista contra as mulheres.

O Governo sueco de centro-direita, chefiado por Fredrik Reinfeldt, tem o mesmo número de mulheres e de homens, mas as estatísticas revelam que as mulheres suecas continuam a ganhar 14 por cento menos do que os homens para desempenhar a mesma função.

Num contexto de ascensão da extrema-direita por toda a Europa, Soraya Post e as suas camaradas de partido chamaram a atenção com a palavra de ordem "Fora os racistas, para a frente com as feministas!".

Os partidos ultranacionalistas registaram subidas acentuadas em todos os países escandinavos, incluindo, ainda que com menor expressão, a Suécia.

O Partido Social-Democrata (centro-esquerda), que lidera a oposição, venceu as eleições para o Parlamento Europeu na Suécia, onde 51 por cento dos eleitores votaram. Porém, foram os Democratas (extrema-direita) que registaram a maior subida, chegando à fasquia de dez por cento dos votos e conseguindo dois assentos em Bruxelas.

A Suécia regista níveis de bem-estar invejáveis no contexto europeu, com significativos apoios sociais, nomeadamente à parentalidade, sendo considerado um dos países mais generosos no acolhimento de imigrantes e requerentes de asilo. Porém, o país onde 15 por cento da população nasceu no estrangeiro tem uma face dupla, sendo agora mais frequentes as manifestações violentas contra os imigrantes.