in JN mobile
As feministas suecas conseguiram um lugar no Parlamento Europeu, que será ocupado por uma deputada de etnia cigana.
O partido Iniciativa Feminista obteve 5% dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu, onde se fará representar por Soraya Post, 57 anos, que considera "inaceitável" e "vergonhosa" a situação que os ciganos vivem hoje na Europa.
"Os 15 milhões de ciganos vivem em estado de guerra na pacífica Europa de 2014", disse a ativista de direitos humanos, de etnia cigana e mãe de quatro filhos.
Fundado há nove anos pela empresária Gudrun Schyman, famosa por ter queimado 100 mil coroas suecas (11 mil euros) em protesto contra a desigualdade salarial entre mulheres e homens, o partido Iniciativa Feminista conseguiu reunir o número de votos suficiente para dar entrada no Parlamento Europeu.
Para além do carisma da líder, o partido conta também com apoios externos relevantes, por exemplo da atriz nova-iorquina Jane Fonda e de Benny Anderson, elemento do grupo musical sueco Abba, que doou mais de um milhão de coroas (110 mil euros) para financiar as campanhas das feministas.
"Muitas pessoas veem a Suécia como uma espécie de paraíso para as mulheres na Europa. Mas isso é um mito. Temos desigualdades de género e violência contra as mulheres", destaca Gudrun Schyman, que, no passado, chegou a comparar a situação das mulheres suecas com a das afegãs e defendeu a criação de um "imposto masculino", para compensar os anos de violência machista contra as mulheres.
O Governo sueco de centro-direita, chefiado por Fredrik Reinfeldt, tem o mesmo número de mulheres e de homens, mas as estatísticas revelam que as mulheres suecas continuam a ganhar 14 por cento menos do que os homens para desempenhar a mesma função.
Num contexto de ascensão da extrema-direita por toda a Europa, Soraya Post e as suas camaradas de partido chamaram a atenção com a palavra de ordem "Fora os racistas, para a frente com as feministas!".
Os partidos ultranacionalistas registaram subidas acentuadas em todos os países escandinavos, incluindo, ainda que com menor expressão, a Suécia.
O Partido Social-Democrata (centro-esquerda), que lidera a oposição, venceu as eleições para o Parlamento Europeu na Suécia, onde 51 por cento dos eleitores votaram. Porém, foram os Democratas (extrema-direita) que registaram a maior subida, chegando à fasquia de dez por cento dos votos e conseguindo dois assentos em Bruxelas.
A Suécia regista níveis de bem-estar invejáveis no contexto europeu, com significativos apoios sociais, nomeadamente à parentalidade, sendo considerado um dos países mais generosos no acolhimento de imigrantes e requerentes de asilo. Porém, o país onde 15 por cento da população nasceu no estrangeiro tem uma face dupla, sendo agora mais frequentes as manifestações violentas contra os imigrantes.