Maria João Lopes, in Público on-line
Barómetro 2014 da Segurança, Protecção de Dados e Privacidade em Portugal revela que mais de metade dos portugueses acha que a segurança piorou no último ano e cerca de metade acredita que situação vai agravar-se. Maioria desconhece Comissão Nacional de Protecção de Dados.
O factor que mais está a contribuir para a sensação de insegurança dos portugueses é o desemprego. De acordo com os resultados do Barómetro 2014 da Segurança, Protecção de Dados e Privacidade em Portugal, o desemprego (76,3%), o aumento da violência na sociedade (43,8%) e a aplicação prática da justiça (36,2%) são os três motivos que mais contribuem para a sensação de insegurança dos portugueses.
Este barómetro, feito por uma empresa de consultoria, a pedido de uma empresa de segurança privada, vai ser apresentado nesta terça-feira na presença, entre outros, do secretário de estado adjunto do ministro da Administração Interna, Fernando Alexandre, e também do director nacional da PSP e director central de Investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
A quinta edição do barómetro mostra ainda que mais de metade da população portuguesa acredita que a sua segurança piorou bastante no último ano e 48% afirmam que ainda irá piorar nos próximos 12 meses. À questão “Como pensa que evoluiu a segurança dos cidadãos nas diferentes áreas geográficas nos últimos 12 meses?”, a maioria considera que piorou no mundo (53,9%),na Europa (55%) e em Portugal (56%). Apesar disso, 73% dos inquiridos acham Portugal um país seguro ou muito seguro e cerca de 80% sentem-se seguros ou muito seguros nas cidades onde vivem.
É na rua que os portugueses se sentem menos seguros (34,4%). Seguem-se parques de estacionamento (14,1%), transportes públicos e locais de acesso (8,7%) e discotecas e bares (5,2%). Mas também houve quem respondesse não se sentir “nada seguro” em parques de estacionamento, garagens, transportes públicos e locais de acesso, discotecas, bares, via pública, ourivesarias, bombas de gasolina, dependências bancárias e caixas multibanco. Os dados mostram ainda que 35,7% dos inquiridos já foi vítima de algum crime ou acto ilícito e que, destes, cerca de 66% denunciaram-no às autoridades.
Para a maior parte dos portugueses, o aumento do clima de segurança em Portugal passaria pela melhoria das condições socioeconómicas dos portugueses (71,2%), pelo aumento do número de efectivos das forças de segurança (45,5%) e pela melhoria da qualidade da educação nas escolas (33,6%).
Outro dado revelado pelo barómetro é o de que 53,9% da população desconhece a existência da Comissão Nacional de Protecção de Dados, que tem como objectivo tutelar a protecção de dados pessoais.
Videovigilância
Quanto à videovigilância, 63,2% referiram que se sentem mais seguros na presença de equipamentos de videovigilância e mais de 76% concorda ou concorda plenamente que um sistema de um Circuito Fechado de Televisão dissuade comportamentos ilícitos.
Cerca de 85% dos portugueses entendem que estes equipamentos contribuem para auxiliar as forças de segurança e 67% não os vê como uma invasão de privacidade – o local de trabalho é, porém, o sítio onde se sentiriam menos à vontade com a videovigilância.
Os parques de estacionamento e a via pública foram os locais mais referidos (40%) para a existência de videovigilância e quase 71% dos portugueses indicaram que abdicariam da privacidade a favor da instalação destes equipamentos nas ruas. A maioria também concorda com a colocação de câmaras em paragens de autocarro.
Apesar de já ir na quinta edição, este levantamento não foi feito em anos consecutivos, tendo sido realizado em 2006, 2007, 2008, 2009 e, agora, em 2014. Assim, embora os portugueses considerem que a insegurança aumentou no último ano, sentem-se mais seguros do que em 2009, quando cerca de 41% dos inquiridos classificaram Portugal como “seguro”.
O barómetro foi desenvolvido pela empresa de consultoria Premivalor Consulting, tendo sido considerados válidos 813 questionários, feitos à população de Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Faro. O trabalho de campo realizou-se entre os dias 14 de Janeiro e 14 de Fevereiro de 2014. O levantamento foi feito a pedido e patrocinado pela empresa de segurança Esegur, que presta, entre outros, serviços de segurança como videovigilância, e que é detida em 50% pelo Grupo Banco Espírito Santo e pela Caixa Geral de Depósitos.