in Jornal de Notícias
Mais de 80 novas drogas foram notificadas pela primeira vez junto do Sistema de Alerta Rápido de UE em 2013, refere o relatório europeu sobre drogas, divulgado esta terça-feira, que alerta para o aumento de novas substâncias.
Estas 81 novas drogas aumentam para 350 o número de novas substâncias sujeitas à vigilância da agência europeia de monitorização do fenómeno da droga (EMCDDA).
Segundo o relatório, o sistema está "sob pressão crescente devido ao volume e à variedade de substâncias que estão a aparecer no mercado". Nos últimos quatro anos, foram detetadas cerca de 250 substâncias, alertam os especialistas.
As novas substâncias psicoativas, não controladas ao abrigo do direito internacional, são frequentemente vendidas no mercado como euforizantes legais ("legal highs") e produzidas com a intenção de imitar os efeitos das drogas controladas.
Vinte e nove das drogas detetadas no último ano eram canabinóides sintéticos, o maior grupo que está a ser monitorizado pelo Sistema de Alerta Rápido da UE (EU-EWS).
O relatório reconhece, contudo, que a rapidez com que as drogas recentemente controladas têm sido substituídas por novas substâncias suscitou uma variedade de respostas jurídicas inovadoras em toda a Europa.
A Internet continua a moldar de forma decisiva o mercado destas substâncias, sublinha o relatório, destacando que em 2013 a agência identificou cerca de 650 sítios na Internet que vendem estas substâncias aos europeus.
Além disso, a compra de drogas novas e "antigas" através das "darknets" - redes secretas em linha que permitem manter o anonimato das comunicações - "constitui um novo desafio para a aplicação da lei", realça o documento.
O relatório destaca indícios de que, em alguns países, estas substâncias já estão a ser direcionadas para os segmentos mais importantes dos mercados da droga.
Em abril de 2014, o Comité Científico do EMCDDA avaliou os riscos de quatro novas substâncias de elevada potência e toxicidade (25I-NBOMe, AH-7921, MDPV e metoxetamina), que estão a ser vendidas em substituição das drogas cujos efeitos visam imitar, respetivamente, o LSD (alucinogénio), a morfina (opiáceo), a cocaína (estimulante) e a cetamina (um medicamento com propriedades analgésicas e anestésicas).
O relatório alerta também que estas novas substâncias podem ser ainda mais perigosas do que aquelas que visam imitar.
"O aparecimento de substâncias sintéticas muito potentes é uma preocupação claramente evidenciada pelas notificações feitas ao Sistema de Alerta Rápido da UE e tem implicações tanto para os consumidores como ao nível da aplicação da lei: tais substâncias podem ser tóxicas em doses muito baixas e pequenas quantidades podem dar origem a muitas doses individuais", destacam os especialistas.
Sublinham ainda que as notificações de efeitos adversos, como óbitos e intoxicações agudas, são fundamentais para o bom funcionamento do sistema de alerta rápido, mas, insistem, "são poucos os países que possuem sistemas de vigilância rigorosos para emergências médicas relacionadas com o consumo de drogas".