in Público on-line
Portugal volta a surgir destacado nos piores lugares da tabela mundial da obesidade e excesso de peso, num estudo feito em 188 países.
Portugal é o terceiro país da Europa ocidental com maior percentagem de raparigas obesas e com excesso de peso e é o quarto da tabela na proporção de mulheres com excesso de peso, indica um estudo publicado pela revista Lancet.
O número de pessoas obesas e com excesso de peso mais do que duplicou nas últimas décadas em todo o mundo: passou de 857 milhões em 1980 para 2,1 mil milhões em 2013. Liderada por Emmanuela Gakidou, do Instituto para a Avaliação e a Métrica da Saúde na Universidade de Washington (EUA), a equipa de investigadores garante ter feito a análise mais exaustiva de sempre, com base em dados recolhidos em estudos, relatórios e na literatura científica sobre a prevalência de excesso de peso e obesidade em 188 países, entre 1980 e 2013. O trabalho permitiu concluir que, neste período, a taxa de adultos obesos e com excesso de peso aumentou 28%, enquanto a das crianças subiu 47%.
Na Europa Ocidental, revelam os dados referentes a 2013, a obesidade e o excesso de peso afectam em média 24,2% dos rapazes até aos 20 anos, 22% das raparigas, 61,3% dos homens e 47,6% das mulheres.
Em Portugal, todas as taxas estão acima da média regional: o excesso de peso afecta 28,7% dos rapazes, 27,1% das raparigas, 63,8% dos homens e 54,6% das mulheres, enquanto a obesidade atinge 8,9% dos rapazes, 10,6% das raparigas, 20,9% dos homens e 23,4% das mulheres. Os dados colocam Portugal como o terceiro país da região com mais raparigas com excesso de peso e o terceiro com mais meninas obesas. Portugal é ainda o sexto país com a maior proporção de rapazes com peso a mais.
Apresentado em Outubro passado, o relatório "Portugal: Alimentação Saudável em Números 2013" já destacava números preocupantes: a obesidade atingia então um milhão de adultos e 3,5 milhões eram pré-obesos, enquanto cerca de 15% das crianças entre os 6 e os 9 anos era obesa e mais de 35% sofria de excesso de peso.
Então, na apresentação do relatório, Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), destacou dados que apontam para uma relação entre o nível económico e a obesidade: os produtos que fornecem muita energia a baixo custo são mais acessíveis e beneficiam de campanhas publicitárias muito fortes, o que acaba por fazer com que cheguem mais facilmente às pessoas mais carenciadas e com menor grau de instrução. Resultado? “Quando o rendimento familiar diminui, aumenta a prevalência da obesidade”.
Voltando ao cenário mundial, os resultados da investigação publicada na Lancet mostram que "os aumentos na prevalência da obesidade têm sido substanciais, generalizados e concentrados num curto período de tempo", alerta Emmanuela Gakidou, citada num comunicado da revista.
Apesar do cenário “preocupante" que estes números traçam, o ritmo de crescimento da epidemia parece ter abrandado nos últimos oito anos nos países desenvolvidos, o que poderá indicar que o pico do problema já foi atingido, ao contrário do que está a acontecer nos países em desenvolvimento. As diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento revelam-se também noutros factores: no mundo desenvolvido os homens têm maiores taxas de obesidade do que as mulheres e nos países em desenvolvimento ocorre o oposto. O maior crescimento nos níveis de excesso de peso e obesidade ocorreu entre 1992 e 2002, sobretudo entre os 20 e os 40 anos.