21.5.14

Trabalho forçado gera 150 mil milhões em lucros

por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias

Os trabalhadores forçados do setor privado geram 150 mil milhões de dólares de lucros ilegais por ano em todo o mundo, revela hoje a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O trabalho forçado implica um elemento de coação, ou seja, a vítima exerce uma atividade sem ter dado consentimento prévio e sem liberdade para deixar de realizá-la, esclarece a organização, sediada em Genebra.

Dois terços dos 150 mil milhões de dólares anuais estimados, ou seja 99 milhões, provêm da exploração sexual para fins comerciais, enquanto os restantes 51 milhões resultam da exploração económica, incluindo o trabalho doméstico (oito milhões), a agricultura (nove milhões) e outras atividades económicas (34 milhões) como a construção, a indústrias, as minas e os serviços de utilidade pública.

Outra conclusão é que 44% das vítimas migraram dentro ou fora das fronteiras internacionais antes de serem submetidas ao trabalho forçado.

Os números baseiam-se em dados da OIT publicados em 2012, que estimam em 20,9 milhões o número de pessoas vítimas de trabalho forçado, do tráfico ou da escravatura moderna, 18,7 milhões dos quais estão no setor privado.

Do total de vítimas, 26% são crianças e 55% são mulheres ou meninas.

Em números absolutos, a região da Ásia-Pacífico representa o maior número de trabalhadores forçados (no setor privado e no Estado), com 11,7 milhões de vítimas (56%).

Seguem-se a África (18%), a América latina (9%), os países da Europa central e do sudeste e a Comunidade dos Estados Independentes (formado por ex-repúblicas soviéticas) (7%), os países desenvolvidos e da União Europeia (7%) e o Médio-Oriente (3%).

Uma das conclusões do relatório é que existe uma correlação entre a pobreza dos lares e a maior probabilidade de serem vítimas do trabalho forçado.

A OIT conclui também que se registou um recuo no trabalho forçado imposto pelo Estado (imposto por autoridades públicas, exército ou forças paramilitares, participação compulsiva em trabalhos públicos e trabalhos forçados na prisão).

"Devemos agora focar-nos nos fatores socioeconómicos que deixam as pessoas vulneráveis ao trabalho forçado no setor privado ", disse em conferência de imprensa Beate Andrees, diretora do Programa de ação especial da OIT para combater o trabalho forçado.