in TSF
O número de pessoas que vivem sozinhas tem aumentado de «forma continuada» em todos os grupos etários acima dos 15 anos, nas últimas décadas, totalizando 866.827 em 2011, o que corresponde a 8,2% do total da população residente.
Segundo a publicação "Família nos Censos 2011", divulgada hoje pelo INE a propósito do Dia Internacional da Família, que se assinala na quinta-feira, o número de pessoas sós praticamente duplicou entre 1991 e 2011, passando de 435.864 para 866.827.
Das 866.827 pessoas em famílias unipessoais, 825.800 residem sozinhas e 41.027 dividem um alojamento, mas mantendo vidas separadas, sem economia comum.
Desde 1960 que a percentagem de pessoas em famílias unipessoais no total de agregados domésticos tem aumentado, mas é a partir de 1991 que esse crescimento é mais acentuado: passou de 13,8% para 21,4%.
«Este incremento faz-se sentir sobretudo por via do aumento dos indivíduos que residem realmente sozinhos, já que a proporção de quem partilha casa tem inclusive decrescido (de 1,2% para 1% entre 1991 e 2011)», refere a publicação conjunta do Instituto Nacional de Estatística e do Instituto de Ciências Sociais.
As mulheres sós (544.971), que representam 5% da população residente, são em número bastante superior ao dos homens na mesma situação (321.856), correspondendo a 3% da população.
Segundo o INE, este aumento das pessoas sós resulta de vários fatores, como o aumento da esperança média de vida, sobretudo para as mulheres, o facto de haver mais divórcios, menos casamentos e filhos.
Outros fatores prendem-se com «a propensão para viver só, como garante de autonomia individual, sobretudo entre os mais jovens, mas também entre os mais velhos" e "a capacidade económica para viabilizar a mono-residência».
Os investigadores identificaram «três perfis sociais distintos do viver só».
As pessoas sós mais jovens (entre os 15 e os 29 anos), "com escolaridade mais elevada, forte participação no mercado de trabalho e inserções profissionais mais qualificadas, representam sobretudo processos de transição para a vida adulta", nos quais a opção de residirem sozinhas pode ser temporária ou mais prolongada, dependendo do adiamento de projetos conjugais e familiares, ou de uma opção de autonomia individual.
Já as pessoas sós adultas (entre os 30 e os 64 anos), que correspondem, em termos gerais, à maioria da população ativa portuguesa, vivem sós como resultado de ruturas conjugais ou de escolha de estilo de vida.
As pessoas sós com 65 e mais anos são maioritariamente mulheres, pouco escolarizadas e sobretudo reformadas, vivendo sozinhas em muitos casos porque ficaram viúvas.
Como principais diferenças entre 2001 e 2011, comparando estas três gerações, os investigadores constataram «um aumento dos níveis de escolaridade em todas as faixas etárias, em consonância com a evolução da escolaridade da população portuguesa, e um acréscimo de população ativa até aos 64 anos de idade, em percursos cada vez mais prolongados no mercado de trabalho».
O crescimento das pessoas que residem em alojamentos unipessoais em Portugal acompanha os principais padrões europeus.
Contudo, Portugal é um dos países com valores mais baixos de pessoas sós (7,2% em 2011), inferiores à média europeia.