29.5.14

OIT vê nuvens negras no mercado laboral em todo o mundo

in TSF

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) continua a ver nuvens negras sobre o mercado laboral em todo o mundo. Apesar das perspetivas de crescimento terem melhorado há fatores que levam a OIT, num relatório anual revelado hoje, a dizer que os níveis de desemprego vão continuar elevados, especialmente entre os mais jovens.

Os números mais recentes mostram que Portugal, com 37,4%, é o 12º país do mundo com maior taxa de desemprego jovem. Uma lista liderada pela Bósnia, com mais de 60% de jovens desempregados.

A OIT acredita que estes números podem acentuar as novas tendências globais de imigração.

Raymond Torres, o director Geral da OIT, cita Portugal, entre os casos de países que registam novos movimentos de saída dos mais qualificados à procura de oportunidades.

«Mais recentemente, temos assistido a uma migração Norte-Sul. Os jovens formados de Portugal e da Grécia, por exemplo, estão a emigrar para países em desenvolvimento, porque não têm oportunidades de trabalhos nos respetivos países. É claro que isto é um fenómeno recente e ainda temos de perceber se será uma tendência estrutural para o futuro ou simplesmente uma resposta à recessão», salienta.

Raymond Torres chama mesmo assim a atenção para uma dificuldade que pode afetar estes novos migrantes. É que, também, nos países emergentes, está a gerar-se um problema que terá reflexo na criação de empregos.

«Existe muita turbulência nos mercados e isso afeta os países em desenvolvimento, de forma desproporcional. Foi investido muito capital nesses países, durante algum tempo, e agora esse capital está a ser retirado desses mesmos países, gerando instabilidade. Isso torna mais difícil a criação de empregos qualificados, nos países emergentes e em desenvolvimento. Estes factos tornam mais complicadas as perspetivas de criação de emprego, nos próximos anos», adianta.

A OIT volta a destacar, neste relatório anual, que a precarização do trabalho veio para ficar e que só com a qualificação do trabalho as economias podem crescer de forma sustentada.

Uma sugestão que a organização deixa: «É necessário utilizar os lucros dos negócios mais prósperos, não em especulação financeira, mas na criação de emprego para fazer movimentar a economia real».