5.8.20

Há quatro anos que não havia tantos desempregados com o ensino secundário

Sónia M. Lourenço, in Expresso

O número de desempregados registados no centros de emprego subiu em força desde o início da pandemia e são os trabalhadores com habilitações ao nível do ensino secundário que mais estão a alimentar este aumento. São já acima de 129 mil, o valor de maior expressão desde maio de 2016

São mais de 129 mil. É esse o número de desempregados inscritos nos centros de emprego com qualificações ao nível do ensino secundário. É o valor mais elevado dos últimos quatro anos.

O Expresso analisou os números do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e concluiu que são estes trabalhadores com qualificações intermédias que mais estão a alimentar a subida do desemprego registado desde o início da crise provocada pela pandemia de Covid-19.

Comparando o mês de junho (últimos dados disponíveis) com o mês fevereiro (pré-pandemia), o número de desempregados inscritos nos centros de emprego subiu em força. São mais 91.103 pessoas (29%), atingindo um total de 406.665 desempregados.

Ora, 42% deste aumento (mais 37.838 pessoas) é explicado por desempregados com qualificações ao nível do ensino secundário. São agora 129.059, mais 41% do que em fevereiro. E economistas ouvidos pelo Expresso alertam que o seu regresso ao emprego pode tardar.

Mais ainda, este é o valor mais elevado desde maio de 2016. Ou seja, há mais de quatro anos que não havia tantos desempregados registados em Portugal com habilitações ao nível do ensino secundário.

O peso destes profissionais no aumento do desemprego registado é, até agora, muito superior ao dos trabalhadores com o terceiro ciclo do ensino básico (9º ano de escolaridade), que, com mais 22.221 pessoas, ocupam o segundo lugar neste ranking.

Já os desempregados com qualificações mais elevadas (ensino superior) ou mais modestas (até ao segundo ciclo do ensino básico) sofreram, até agora, aumentos menos marcados no desemprego registado.