Retirar os sem-abrigo da rua é uma prioridade para a CVP.
Este ano, o número de sem-abrigo no concelho de Braga triplicou, o que tem alarmado os responsáveis pela Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). Por entre vários motivos para este aumento, a pandemia de Covid-19 parece ter sido a “gota de água” para algumas pessoas que já se encontravam numa situação de fragilidade e que, de repente, se viram numa situação ainda mais desesperante.
«A Covid-19 veio agravar os casos. Algumas pessoas simplesmente deixaram de poder pagar as rendas das suas casas e viram-se numa situação complicada», referiu o presidente da delegação de Braga da CVP, em entrevista ao Diário do Minho.
Segundo Armando Osório, o número de sem-abrigo na cidade passou de 12 para «cerca de 30». Os perfis e histórias de vida são variados, mas na sua maioria são homens que não têm família ou cortaram relações com a mesma.
«Ninguém quer viver na rua. Ainda há pouco fiz uma ronda e vamos descobrindo alguns casos. Enquanto uns fazem uma espécie de ‘campismo’ [dormindo nos bancos de jardins, por exemplo], outros pernoitam em sítios muito complicados de se detetar, em autênticos buracos», explicou, vincando também que «nem todos querem partilhar espaços com outras pessoas». «Não são situações fáceis», considerou.
Nos últimos 20 anos, a Cruz Vermelha de Braga tem apoiado, de forma contínua, cerca de 180 pessoas por ano, quer em respostas de alojamento, nomeadamente através do Centro de Alojamento Temporário, das residências partilhadas e do projeto “Housing First – Casa primeiro”, quer na satisfação de necessidades básicas alimentares e de higiene, apoio psicossocial e apoio à integração socioprofissional.
Retirar os sem-abrigo da rua é uma prioridade, mas «faltam os acordos» para mais casas partilhadas, já que o Centro de Acolhimento Temporário se encontra lotado com 47 utentes.