8.10.20

40% dos pais dedicaram uma a duas horas por dia a ajudar os filhos nos estudos durante o ensino à distância

Nelson Marques, in Expresso

Investigação sobre o papel da escola e dos educadores em tempos de Covid-19 é apresentada esta quinta-feira, em Lisboa

40% dos pais portugueses dedicaram uma a duas horas por dia a auxiliar os filhos nos estudos durante o período de ensino à distância e 26% devotaram mais de duas horas à mesma tarefa, revela um estudo que será apresentado esta quinta-feira, em Lisboa. A investigação sobre “O papel da escola e dos educadores” em tempos de Covid-19 foi promovida pelo projeto Escola Amiga da Criança, em colaboração com a Porto Business School da Universidade Católica do Porto (UCP) e a Faculdade de Psicologia da mesma universidade, e envolveu mais de 23 mil inquiridos, que responderam a perguntas sobre o papel dos professores, a autonomia dos alunos, e a forma como os pais veem a missão das escolas.

Segundo o documento, o papel dos docentes saiu reforçado da experiência de ensino à distância: os pais passaram “claramente a valorizar mais os professores”, atribuindo-lhes um valor médio de 4,49 numa escala de 5, e reconhecem que o esforço destes foi adequado ao ensino em casa (4,05). Além disso, consideram que os docentes se revelaram determinantes na aprendizagem dos seus educandos (4,54), um resultado que contrasta com o de um estudo anterior, realizado também pela Escola Amiga da Criança, segundo o qual os progenitores apontavam o seu papel como sendo mais decisivo para o sucesso dos alunos do que o dos professores.

O documento revela ainda que o ensino à distância durante a pandemia levou os pais a descobrir lacunas nos seus filhos e a identificar “significativas dificuldades de autonomia”: 45% afirmaram que eles precisaram frequentemente de um adulto para a realização de tarefas escolares e 31% revelaram que os filhos tomavam a iniciativa e realizavam as tarefas por si, mas aguardando sempre a supervisão final por parte de um adulto. “As maiores dificuldades identificadas pelos pais foram a interpretação e a compreensão, por parte dos alunos, das tarefas que lhes foram atribuídas”, lê-se no estudo.

Dos mais de 23 000 encarregados de educação inquiridos, 90% têm entre 31 e 50 anos. 46,5% têm curso superior, 33% o 12º ano e cerca de um quinto o 9º ano ou menos. Quase metades (47%) dos seus educandos têm entre 7 e 10 anos e frequentam o primeiro ciclo. 8% estão no pré-escolar, 20% no segundo ciclo, 18% no terceiro e 7% no secundário.

O projeto Escola Amiga da Criança procura distinguir escolas que concretizem ideias extraordinárias para um desenvolvimento mais feliz da criança e tem como mentores o psicólogo Eduardo Sá, a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) e o grupo editorial LeYa.

O estudo “O papel da escola e dos educadores” em tempos de Covid-19 é apresentado esta quinta-feira, a partir das 18h30, no canal de YouTube da Leya Educação.