19.10.20

Rui saiu dos bombeiros e foi viver para a rua

 Tomás Guerreiro, in JN

Rui era funcionário dos bombeiros de Setúbal. Em pânico com a covid-19, diz que decidiu demitir-se, ficando sem direito a subsídio de desemprego. Ficou na rua e, após meio ano, está num centro de acolhimento de emergência social.

Nasceu em Lisboa, viveu no Funchal, mas foi em Braga que tentou recomeçar a vida, depois de se demitir. Divorciado, é pai de três filhos e avô de duas netas. Escreve um livro há 11 anos, "Amar-te-ei depois de amanhã", que está agora para revisão na editora.

Foi em Braga, após demitir-se, que alugou um quarto num alojamento local, até ficar sem dinheiro. Várias tentativas frustradas de encontrar emprego, sem subsídio de desemprego e um rendimento social de inserção de 189.66 euros, Rui rapidamente ficou sem dinheiro para sobreviver. "A Segurança Social disse que ia arranjar solução", conta o homem com 50 anos. A solução demorou e a Segurança Social, sem vagas nos centros de acolhimento de emergência social, suportou-lhe a renda do alojamento local durante dois meses.

Estava num quarto privado, passou para um dormitório com nove camas e seis pessoas. A Segurança Social conseguiu, finalmente, transferi-lo para um centro de acolhimento, sobre o qual Rui comenta: "As condições são boas, mas há muita gente problemática". O Rendimento Social de Inserção foi cancelado após a entrada no Centro de Acolhimento, pelo que não tem dinheiro.