Henrique Cunha, in RR
Padre Fernando Milheiro diz que, por causa da pandemia de Covid-19, “têm aumentado os pedidos e as carências”.
“O que me preocupa não é aquilo que a gente faz; o que me preocupa é a carência que a gente nota”, afirma o Fernando Milheiro, da paróquia da Campanhã, no Porto, que todos os anos organiza o “Natal dos Sós”, relata aumento significativo de necessitados por causa da pandemia.
Este ano, a iniciativa que costuma juntar na noite de consoada pessoas que vivem sozinhas, vai decorrer de forma diferente. Na noite de 24 de dezembro, haverá uma equipa de voluntários a levar a consoada a casa.
De acordo com o padre Fernando Milheiro, “um grupo de voluntários fez contacto com as famílias, ou com as pessoas que estão sós em casa” e, depois desse contacto pessoal, “verificamos que temos um grupo de 18 que neste momento dizem que têm necessidade”.
“E então vamos dar uma refeição a essa gente, levando a refeição a casa. A refeição será devidamente embalada. E depois, entre as 18h00 e as 19h00, vamos a casa das pessoas entregar-lhe aquilo a que nós chamamos um carinho de Jesus”, explica o pároco de Campanhã.
Pedidos de ajuda a aumentar
Campanhã é uma das freguesias do Porto mais marcadas pela dificuldade. De acordo com o padre Fernando Milheiro, por causa da pandemia “têm aumentado os pedidos e as carências”.
O sacerdote diz que, para além do que se faz desde 1987 com o “Natal dos Sós”, a paróquia “tem também a Conferência Vicentina e um grupo de caridade” que vão entregar neste Natal cerca de 140 cabazes, “um número assinalável”.
O padre Fernando Milheiro sublinha que “o que o preocupa não é aquilo que a gente faz”, pois “o que preocupa é a carência que a gente nota”.
“Todos estes casos são casos que passam um pouco à margem daquilo que são os apoios habituais”, alerta.
“Nós tentamos descobrir se recebem apoios de alguém e às vezes são apoios tão irrisórios que não daria para as pessoas viverem", conclui.