17.12.20

Pacote comunitário de 300 milhões de euros para o Algarve traz "responsabilidade muito grande"

in o Observador

Sobre o pacote comunitário de 300 milhões de euros, a ministra da Coesão Territorial afirma que vai ser preciso "prestar contas" e fazer "as escolhas certas" para o Algarve.

A ministra da Coesão Territorial disse esta quarta-feira que o pacote adicional de 300 milhões de euros de fundos europeus para o Algarve na próxima década traz uma responsabilidade “muito grande” aos decisores políticos no sentido de fazer as “escolhas” certas.

O facto de a solidariedade europeia ter dado ao Algarve um pacote adicional de 300 milhões de euros de fundos comunitários traz-nos uma responsabilidade muito grande”, disse Ana Abrunhosa, à margem do lançamento da obra do Polo Tecnológico do Algarve — UAlg TEC Campus, um projeto de acelerador de empresas promovido pela Universidade do Algarve (UAlg).

A ministra afirmou que será preciso apresentar “um programa com objetivos e indicadores, uma espécie de contrato-programa” que resulte, dentro de dez anos, num Algarve “mais resiliente, com empresas mais inovadoras e com trabalho mais qualificado”.

O pacote adicional de 300 milhões de euros especificamente dirigido ao Algarve, no âmbito do próximo Quadro Financeiro Plurianual e do Fundo de Recuperação — que representam um valor global de 45 mil milhões em subsídios da União Europeia para Portugal nos próximos sete anos —, foi anunciado em julho pelo primeiro-ministro António Costa.

Ana Abrunhosa deixou uma “mensagem muito forte” no sentido de que todos os decisores políticos algarvios se empenhem no desenho dessa estratégia, porque vai ser preciso “prestar contas” e fazer “as escolhas certas” para o Algarve, “uma das regiões que mais sofreu” com a pandemia de Covid-19.

Não temos de ter medo de prestar contas, definir objetivos e o caminho para atingir essas metas. Isso vai implicar que tenhamos de fazer escolhas em conjunto, vai implicar que façamos umas coisas e não façamos outras, vai implicar que façamos diferente do que fizemos no passado e vai implicar que trabalhemos em conjunto para que essas escolhas sejam assumidas por todos”, frisou.

O objetivo passará por “estimular outras atividades económicas que já têm semente aqui”, especialmente nos setores da saúde e envelhecimento ativo e saudável, energia, tecnologias e economia do mar, privilegiando também a resolução de carências em áreas como a mobilidade e a habitação.

Nesse sentido, o Polo Tecnológico do Algarve – UAlg TEC Campus é “o melhor exemplo de aplicação de fundos europeus”, porque “marca a diferença” ao promover a transferência e criação de conhecimento.

Trata-se de um projeto de 6,6 milhões de euros, com financiamento comunitário na ordem dos 70%, que passa pela instalação de um acelerador de empresas num edifício reabilitado no campus da Penha e pela criação de um centro de simulação clínica no campus de Gambelas, em Faro.

O acelerador de empresas vai permitir albergar cerca de 300 a 350 pessoas altamente qualificadas.

“Vamos ter empresas que já estão no mercado e necessitam de crescer, podendo criar neste espaço dinâmicas entre si e com a universidade”, explicou o reitor da UAlg, Paulo Águas.

A obra, com um prazo de conclusão de nove meses, deverá estar pronta antes do final de 2021, existindo já pelo menos três dezenas de empresas interessadas em fixar-se neste novo polo. Já o centro de simulação clínica, denominado UAlg TEC Health, cuja obra também está em curso, vai permitir formar profissionais de saúde e interagir com empresas na área da saúde.