O número de desempregados inscritos nos centros de emprego nacionais recuou em novembro, pelo segundo mês consecutivo. Há vários concelhos do país que estão a conseguir contrariar o aumento do desemprego causado pela pandemia. 19% dos 278 concelhos do continente já estão em níveis de desemprego pré-covid
Apesar de ainda não haver sinais de recuperação económica nem perspetivas de quando ela se poderá iniciar, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) voltou a dimunuir em novembro face ao mês anterior. É o segundo mês consecutivo que o desemprego registado desce em cadeia, contrariando os impactos da pandemia na economia nacional, que tem feito tremer o mercado de trabalho. Novembro fechou com 398.287 indíviduos desempregados, menos 5.267 do que no mês anterior, o equivalente a uma redução percentual de 1,3%. Há atualmente 53 concelhos do país onde o desemprego registado é inferior ao contabilizado em fevereiro, último mês livre dos impactos da pandemia.
É uma redução mais contida do que a registada em outubro, mês em que o número de inscritos nos centros de emprego nacionais diminuiu 1,6% (menos 6.620 indivíduos) face ao mês anterior, mas é o segundo mês consecutivo em que o desemprego registado recua em território nacional. Os dados divulgados esta quinta-feira pelo IEFP sinalizam uma ligeira retoma do mercado de trabalho nacional, muito embora a economia não esteja a acompanhar essa tendência.
É um facto que o desemprego registado em novembro continuou a ficar 30% acima do contabilizado em período homólogo, ou seja, no mesmo mês de 2019. Mas na evolução em cadeia, mês a mês desde o ínicio da pandemia, há melhorias a assinalar. É menos sombrio do que em outubro o mapa que ilustra agora a distribuição do desemprego registado nos 278 concelhos do continente, para os quais o IEFP disponibiliza informação desagregada.
Como o Expresso avançou, no fim do mês de novembro de 2020 estavam registados, nos Serviços de Emprego do Continente e Regiões Autónomas, 398.287 indivíduos desempregados. Um número que representa 69,6% de um total de 571.866 pedidos de emprego registados durante o mês. Na nota explicativa que acompanha os indicadores, o IEFP realça ainda que "o total de desempregados registados no país foi [em novembro] superior ao verificado no mesmo mês de 2019 (+92.326; +30,2%) e inferior face ao mês anterior (-5.267; -1,3%)", altura em que os centros de emprego contabilizavam mais de 403 mil desempregados inscritos.
A pandemia provocou uma acentuada subida do desemprego nacional nos últimos nove meses. O maior aumento aconteceu em abril, o primeiro mês completo de confinamento no país, altura em que o número de desempregados registados nos centros de emprego nacionais aumentou em mais de 49 mil indivíduos face ao mês anterior, alcançando o patamar dos 392.323 desempregados. Um número que logo no mês seguinte, em maio, acabaria por superar a fasquia dos 408 mil desempregados.
Essa trajetória de subida só viria a ser interrompida em junho, quando o Governo decretou o desconfinamento da economia que se traduziu numa ligeira diminuição do desemprego registado para os 406.665 indíviduos. Este aparente alívio não seria, no entanto, duradouro. Julho traduziu-se num novo agravamento e a tendência de subida do desemprego registado manteve-se por mais dois meses tendo registado em outubro o primeiro recuo em cadeia.
DESEMPREGO REGISTADO MAIS PRÓXIMO DA ERA PRÉ-COVID
Novembro, ao que tudo indica, consolidou essa tendência ao afirmar-se como o mês em que o número de desempregados registados nos centros de emprego volta a descer abaixo dos 400 mil, aproximando-se dos indicadores do período pré-pandemia.
Essa tendência de melhoria é visível na habitual análise mensal do desemprego por concelho que o Expresso realiza com base nos dados do IEFP. Novembro fechou com a maior percentagem de concelhos (19,02%) onde o desemprego registado estava abaixo do verificado em fevereiro, último mês completo livre dos efeitos da pandemia. São 53 os concelhos que registam agora menos desempregados do que em fevereiro.
Ponte de Sôr, Oleiros, Figueiró dos Vinhos, Arronches, Miranda do Douro, Mourão, Vimioso e Valpaços destacam-se neste ranking, que pode percorrer na infografia abaixo. Mas não são caso único. 31 dos 278 concelhos do continente registam também uma recuperação dos níveis de emprego face a outubro, embora se mantenham ainda com um nível de desemprego registado superior ao de fevereiro deste ano.
A análise mensal realizada pelo Expresso mostra que 81% dos 278 concelhos do continente ainda lutam para recuperar os níveis de desemprego pré-covid. Mas está a diminuir a percentagem de concelhos onde o desemprego aumentou acima dos 75%. Em outubro eram três os concelhos nestas condições - Odivelas, Castro Verde e Loulé -, em novembro só dois se mantêm neste patamar: Odivelas e Castro Verde. Ainda assim, ambos os concelhos registaram uma diminuição do número de desempregados inscritos nos centros de emprego locais no último mês.
A região do Algarve é a que regista maior aumento do desemprego registado desde fevereiro. Em nove meses a região viu aumentar em 52% (+9.894) o número de trabalhadores no desemprego, totalizando em novembro 29.082 desempregados inscritos nos centros de emprego. Lisboa e Vale do Tejo é a segunda região mais fustigada pela crise pandémica com um aumento de 39% (+35.566) tendo fechado novembro com 128.024 desempregados registados. Norte, Centro e Alentejo fecham a lista com aumentos de 20,2%, 14,1% e 14%, respetivamente.
Os dados disponibilizados pelo IEFP mostram que no último mês, à semelhança do que foi prática desde o início da pandemia, o fim dos contratos de trabalho não permanentes continua a ser o principal motivo de inscrição nos centros de emprego. Em novembro, 57% dos novos desempregados inscritos indicaram este motivo. Logo a seguir estão os despedimentos (14,4%).