12.1.21

Frio. A linha ténue entre manter a casa quente e não conseguir pagar a fatura da eletricidade

Maria Moreira Rato, in iOn-line

Até terça-feira, Portugal Continental e parte da Madeira estarão sob aviso amarelo devido à “persistência de valores baixos da temperatura mínima”. O i conversou com uma imigrante e três portugueses que enfrentam dificuldades para manter as casas quentes nesta época do ano.

“Só conseguimos manter a casa quente porque pagamos uma renda com água e luz incluídos. Mas, na minha opinião, é tudo mentira. Não é possível ser o valor exato”, começa por explicar Ana (nome fictício), cidadã cabo-verdiana de 36 anos, residente em Portugal há dois, que vive num T3 na Cova da Moura. “Somos quatro pessoas. E temos aquecedores porque não enfrentamos verdadeiramente as despesas. Não temos dinheiro para pagar contas altas de eletricidade”, confessa a cozinheira de um restaurante em Cascais que se juntou aos dois irmãos – uma empregada interna e um trabalhador da construção civil – e ao sobrinho – estudante – para suportar os gastos enquanto não obtém a autorização de residência permanente. “Quando cheguei ao país, tive bolhas enormes nos pés, acho que fiz alergia ao frio. Na farmácia, nem me queriam vender um simples Brufen ou Benuron por não estar inscrita num centro de saúde”, testemunha a mulher. “Se tivesse de pagar os valores que algumas pessoas pagam, provavelmente, passaria mal com estas temperaturas horríveis”, conclui.

O problema de Ana é generalizado no inverno. Frieiras nas mãos, aquecedores que não ligam, andar encasacado em casa para poupar na luz. De acordo com um estudo do Eurostat, referente a 2018, Portugal é o quinto país da União Europeia onde existem mais pessoas com dificuldades para aquecer devidamente as suas casas. Através desta análise, foi igualmente possível perceber que cerca de um quinto dos portugueses (19,4%) não revelou capacidade financeira para fazer face aos custos do aquecimento na hora de enfrentar os meses mais frios.

E as famílias numerosas?

Sofia Oliveira tem quatro filhos e vive num prédio pombalino, em Lisboa. No inverno, é essencial garantir o aquecimento à sua família composta por seis elementos. Narrou ao i que a “conta normal está entre os 60 e os 70 euros mas, em janeiro e fevereiro, chega perto dos 200”. Neste agregado familiar, o aquecimento é feito através de um sistema central e serve para que consigam “estar confortáveis”. casa, apesar de antiga, foi remodelada de modo a que não esteja tão exposta às baixas temperaturas, no entanto, a conta de eletricidade duplica, nesta época, relativamente ao resto dos meses.

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