25.3.21

Desemprego de longa duração na Zona Euro pode crescer 38% no terceiro trimestre

Mariline Alves, in Negócios on-line

O desemprego de longa duração na Zona Euro pode atingir, no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de cerca de 38% face ao que acontecia antes da pandemia de covid-19, atingindo 6,6 milhões de pessoas, segundo a Cosec.

Num estudo hoje divulgado, a Companhia de Seguro de Créditos (Cosec) revela um estudo do seu acionista, Euler Hermes, que estima que "durante 2021, o desemprego de longa duração na Zona Euro pode atingir, no terceiro trimestre, os 6,6 milhões, o que representa um aumento de cerca de 38% face ao que se verificava antes da pandemia de covid-19 (4,8 milhões), com expectativa de um ligeiro decréscimo para os 6,5 milhões no final do ano de 2021".

Na mesma nota, a Cosec indicou que, "perante a expectativa de uma retoma económica lenta e gradual, a par de uma recuperação tímida dos mercados de trabalho da Zona Euro durante o próximo ano, existe um risco acrescido de que o choque cíclico no mercado de trabalho se torne estrutural, com os números do desemprego a se estabilizarem num nível elevado".

De acordo com a mesma nota, a análise do acionista da Cosec "revela que, no total, há agora 13,7 milhões de desempregados na Europa, 1,8 milhões desde fevereiro de 2020, o início da pandemia", sendo que este último valor, embora considerável, "não tem em conta os 'desempregados invisíveis' -- os que não estão registados como desempregados junto das autoridades oficiais de cada país".

Além disso, alerta a Cosec, é "também necessário considerar que -- e apesar da forte quebra no crescimento económico em todos os países -- o aumento expectável do desemprego foi significativamente atenuado pelos programas de apoio à preservação do emprego implementados pelos governos".

De acordo com a empresa portuguesa, a "Euler Hermes estima que, só nas quatro maiores economias da Zona Euro, estes programas tenham protegido 25 milhões de postos de trabalho no imediato pós-pandemia".

No comunicado, a Cosec aconselhou a que as empresas deem "prioridade à reintegração de trabalhadores cujos postos de trabalho foram assegurados por apoios governamentais em detrimento da contratação de novos trabalhadores, algo que se estima que comece a acontecer já no segundo trimestre de 2021".

O estudo citado pela Cosec alertou ainda para o facto de que o impacto negativo de um problema de desemprego estrutural "não se refletirá apenas na capacidade produtiva das economias", prevendo-se "um aumento do descontentamento social perante a perceção de que, mesmo perante os primeiros sinais de recuperação, o apoio à criação de emprego não está a ser suficiente e eficaz para inverter os números".

A Cosec recordou ainda um outro estudo, do BPI, outro dos seus acionistas, publicado no início deste mês, que revelou que, "no caso de Portugal, em janeiro deste ano, o impacto da pandemia fez aumentar a taxa de desemprego para 7,2%, contrariando a tendência de queda dos meses anteriores", correspondendo a "uma subida de 2,7% da população desempregada face ao período homólogo, que registava uma taxa de desemprego de 6,8% -- valores em linha com os verificados antes do surgimento da pandemia".