16.3.21

Foram os mais pobres quem mais pagou a crise provocada pela pandemia

Por José Milheiro, in TSF

Com a pandemia, "os mais pobres são os que perderam mais rendimento disponível" conclui relatório dos investigadores da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

O "Balanço Social 2020", publicado esta quarta-feira, por três investigadores da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova School of Business & Economics - SBE) sublinha que a pandemia colocou a nu um mercado de trabalho instável.

Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e Mariana Esteves argumentam que "o trabalho foi das esferas da vida mais afetadas pela pandemia e os mais vulneráveis, com menos rendimentos, com menos escolaridade ou em situações laborais mais precárias foram os mais afetados".

Ainda sem o puzzle completo dos dados de 2020 é já possível fazer um retrato do impacto da pandemia na sociedade e a primeira conclusão para a economista Susana Peralta é que esta é uma crise assimétrica, "uma crise que está a afetar de forma desproporcional as partes da população mais desfavorecidas em relação ao seu nível de educação, da idade e do nível de rendimento".

A investigadora da Nova SBE adianta que a crise veio acentuar os níveis de pobreza extrema. Daqui a um ano vamos encontrar mais pobreza mas isso não quer dizer que a taxa de pobreza seja superior. Em 2019 o limiar de pobreza eram 501 euros por mês.

"Uma coisa é a pessoa ser pobre com 450 euros, outra é ser pobre com 150 euros, portanto é muito provável que nós encontremos um aumento das taxas de pobreza mais extremas, agora se aquele indicador mágico de 17,2%, que toda a gente olha, posso garantir que ele vai estar mais alto? Não, não posso pela forma estatística como se calcula esse indicador". Este indicador da pobreza depende da distribuição mediana dos rendimentos.

Um outro olhar que as políticas públicas deveriam aproveitar para fazer é para um mercado de trabalho instável, que promove a sazonalidade e os tempos parciais.

Para Susana Peralta, "políticas como o salário mínimo não resolvem o problema destas pessoas. O salário mínimo apenas abrange as pessoas que têm um contrato de trabalho e estão a tempo inteiro, uma pessoa que esteja a part-time já não é coberta e uma pessoa que esteja com recibo verde não é abrangida".

Susana Peralta adianta que foi devido a esta leitura espartilhada que não foi possível chegar com os mecanismos de layoff simplificado a estas franjas de trabalhadores precários.

Por outro lado, foram os setores que não poderiam ir para teletrabalho e que têm os salários mais baixos foram aqueles que puseram os trabalhadores em layoff retirando-lhes parte do rendimento mensal.

"Os setores mais afetados pela crise pandémica - Restauração, Moda e Acessórios, Transportes de Passageiros e os Alojamentos Turísticos - têm uma prevalência de salários baixos, trabalhadores com baixas qualificações, mulheres e trabalhadores estrangeiros em relação à média de todos os setores da economia", concluiu o relatório.Foram os mais pobres quem mais pagou a crise provocada pela pandemia

Com a pandemia, "os mais pobres são os que perderam mais rendimento disponível" conclui relatório dos investigadores da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

O"Balanço Social 2020", publicado esta quarta-feira, por três investigadores da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova School of Business & Economics - SBE) sublinha que a pandemia colocou a nu um mercado de trabalho instável.

Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e Mariana Esteves argumentam que "o trabalho foi das esferas da vida mais afetadas pela pandemia e os mais vulneráveis, com menos rendimentos, com menos escolaridade ou em situações laborais mais precárias foram os mais afetados".

Ainda sem o puzzle completo dos dados de 2020 é já possível fazer um retrato do impacto da pandemia na sociedade e a primeira conclusão para a economista Susana Peralta é que esta é uma crise assimétrica, "uma crise que está a afetar de forma desproporcional as partes da população mais desfavorecidas em relação ao seu nível de educação, da idade e do nível de rendimento".

A investigadora da Nova SBE adianta que a crise veio acentuar os níveis de pobreza extrema. Daqui a um ano vamos encontrar mais pobreza mas isso não quer dizer que a taxa de pobreza seja superior. Em 2019 o limiar de pobreza eram 501 euros por mês.

"Uma coisa é a pessoa ser pobre com 450 euros, outra é ser pobre com 150 euros, portanto é muito provável que nós encontremos um aumento das taxas de pobreza mais extremas, agora se aquele indicador mágico de 17,2%, que toda a gente olha, posso garantir que ele vai estar mais alto? Não, não posso pela forma estatística como se calcula esse indicador". Este indicador da pobreza depende da distribuição mediana dos rendimentos.

Um outro olhar que as políticas públicas deveriam aproveitar para fazer é para um mercado de trabalho instável, que promove a sazonalidade e os tempos parciais.

Para Susana Peralta, "políticas como o salário mínimo não resolvem o problema destas pessoas. O salário mínimo apenas abrange as pessoas que têm um contrato de trabalho e estão a tempo inteiro, uma pessoa que esteja a part-time já não é coberta e uma pessoa que esteja com recibo verde não é abrangida".

Susana Peralta adianta que foi devido a esta leitura espartilhada que não foi possível chegar com os mecanismos de layoff simplificado a estas franjas de trabalhadores precários.

Por outro lado, foram os setores que não poderiam ir para teletrabalho e que têm os salários mais baixos foram aqueles que puseram os trabalhadores em layoff retirando-lhes parte do rendimento mensal.

"Os setores mais afetados pela crise pandémica - Restauração, Moda e Acessórios, Transportes de Passageiros e os Alojamentos Turísticos - têm uma prevalência de salários baixos, trabalhadores com baixas qualificações, mulheres e trabalhadores estrangeiros em relação à média de todos os setores da economia", concluiu o relatório.