10.3.21

Maioria dos imigrantes de Bragança já se sentiu discriminado

Glória Lopes, in JN

Um estudo sobre a comunidade de imigrantes residente em Bragança aponta que a maioria já viveu situações de discriminação.

O inquérito tem uma amostra constituída por 60 pessoas, nomeadamente imigrantes residentes, requerentes ou não de asilo, trabalhadores, desempregados e estudantes-trabalhadores. Em 57 entrevistados, "39 referiram situações em que foram alvo de atitudes discriminatórias de índole diversa e onze assinalam não terem vivenciado qualquer situação negativa". Além disso, 22 inquiridos admitem a discriminação racial, relacionada com a cor da pele, que é percebida com uma conotação negativa.

"O preconceito racial não é subtil, mas totalmente aberto e rude como uma das mais insidiosas causas de incómodo no quotidiano", refere o trabalho realizado nos meses de setembro e outubro de 2020, no âmbito do "Estudo Imigrantes: Sombras e Claridades na Comunidade Brigantina", pela delegação distrital da Rede Europeia Anti Pobreza (EAPN), em colaboração com a Escola Superior de Educação.

Este foi o primeiro estudo do género a ser realizado no concelho, referiu Ivone Florência, da EAPN.

É na altura de arrendar casas, no mercado de trabalho, por parte da entidade patronal, e no atendimento dos serviços públicos, comerciais ou empresariais, que os imigrantes se sentem mais discriminados.

Ainda assim, no que respeita ao acolhimento pela comunidade verifica-se que 40% considera-o "adequado" e 3,3% "pouco adequado".

Ivone Florência explicou que apesar do reduzido numero de inquiridos, o estudo " é um contributo relevante dado evidenciar grandes temas da imigração, como a discriminação, o preconceito existentes, a eterna burocratização da legalização, a carência de emprego e o não reconhecimento de direitos".