15.3.21

Idade da reforma pode diminuir já em 2023 devido à pandemia

Por Cristina Lai Men e Catarina Maldonado Vasconcelos, in TSF

A elevada mortalidade causada pela Covid-19 poderá fazer recuar a esperança média de vida, o que pode diminuir a idade da reforma, agora fixada em 66 anos e seis meses.

A idade da reforma pode baixar em 2023 ou já no próximo ano

A descida da idade da reforma pode sentir-se já em 2023. Vários especialistas, ouvidos pelo jornal Público, explicam que o aumento da mortalidade com a Covid-19 vai fazer baixar a esperança média de vida.

Com essa diminuição, a idade da reforma pode baixar em 2023 ou já no próximo ano. A confirmar-se, seria uma queda inédita, para os 66 anos e cinco meses, menos um mês do que em 2020.

Nos últimos seis anos, a idade da reforma tem subido quase todos os anos, já que, desde 2016, a idade da reforma passou a estar indexada à esperança média de vida.

Maria do Rosário Gama, fundadora da APRe (Aposentados, Pensionistas e Reformados), diz receber a notícia com surpresa, em declarações à TSF. "[A idade da reforma] tem vindo a subir há já uns anos. Houve um ano em que não subiu, mas em quase todos os anos tem subido um mês, e, portanto, fiquei surpreendida com esta possibilidade, mas admito que sim, porque, de facto, com a pandemia, a esperança de vida baixo ou tem tendência para baixar"

A antiga professora acredita que esta é uma "boa perspetiva para quem anda à procura de emprego", uma "boa notícia", porque pode dar mais oportunidades de emprego para os mais jovens, numa altura em que o desemprego é muito elevado.

Com o aumento do número de mortos devido à Covid-19, a esperança média de vida vai baixar, e a idade da reforma deve acompanhar esse decréscimo. É o que explicam economistas e um geógrafo, citados pelo jornal Público.

Os especialistas defendem que é inevitável uma redução ligeira da idade da reforma, que hoje se situa nos 66 anos e seis meses.

Vítor Junqueira, diretor do Centro Nacional de Pensões, prevê que a descida possa ser de um mês, em 2023 ou já no próximo ano. No entanto, não é expectável que o impacto na despesa com as pensões seja grande. O economista Miguel Gouveia explica que, com a enorme mortalidade nas pessoas com mais de 65 anos, a Segurança Social vai poupar dinheiro em pensões.

Por isso, o impacto na despesa será muito residual, realça o diretor do Centro Nacional de Pensões, lembrando ainda que, quanto mais tempo durar a pandemia, mais prolongado e evidente será o efeito da redução da idade da reforma.