12.3.21

118 milhões de mulheres latino-americanas vivem sob o limiar da pobreza

in o Observador

A secretária-geral Ibero-americana estimou que 118 milhões de mulheres vivam abaixo da pobreza na América Latina. O ano de 2020 acabou com um aumento de 22% de pobreza feminina.

A secretária-geral Ibero-americana, Rebeca Grynspan, estimou esta segunda-feira em 118 milhões o número de mulheres latino-americanas que vivem abaixo do limiar da pobreza, número agravado pela crise provocada pela pandemia de Covid-19.

Numa intervenção num evento organizado pelo Governo espanhol a propósito do Dia da Mulher, que se assinala esta segunda-feira, Grynspan recordou que o ano de 2020 acabou com um aumento de 22% da pobreza feminina na América Latina.

Além disso, recordou que a maioria dos três milhões de empresas que deverão perder-se devido à pandemia na América Latina são de mulheres.

Grynspan disse que as mulheres estão sobre-representadas no trabalho informal, nas micro e pequenas empresas, e nos setores dos serviços, turismo e comércio, que foram os mais afetados pela pandemia.

Acrescentou que não haverá recuperação se as mulheres forem arredadas da tomada de decisões e afirmou que se as mulheres forem marginalizadas, serão tomadas decisões equivocadas.

“Não temos espaço para equivocar-nos” nesta situação “dramática e complicada”, afirmou a responsável pela Secretaria-Geral Ibero-Americana.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.593.872 mortos no mundo, resultantes de mais de 116,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.565 pessoas dos 810.459 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.





















A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Mulheres sofrem maior desnutrição que os homens na América Latina, revelou o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

As mulheres latino-americanas e caribenhas sofrem níveis maiores de desnutrição do que os homens, alertou esta segunda-feira a FAO, que pediu políticas que promovam a igualdade do género e processos de empoderamento feminino para contribuir para a sua autonomia económica.

“Na Meso América, bem como em toda a região da América latina e do Caribe, as mulheres sofrem em maior percentagem das duas faces da desnutrição: de um lado, a fome e, do outro, de peso a mais ou de obesidade”, indicou o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), numa declaração pública divulgada na Cidade do Panamá.


A FAO explicou que, no mais recente relatório Panorama de Segurança Alimentar na região, elaborado com base entre os anos de 2017 e 2019, é mostrada “uma prevalência de insegurança alimentar nas mulheres” da região da Meso América de 13,6%, percentagem que, nos homens, desce para 11,3%.

Em todos os países da América Latina e do Caribe, indicou a FAO, o “excesso de peso nas mulheres é maior do que nos homens e que, em 19 Estados, a diferença é de, pelo menos, 10 pontos percentuais.


As mulheres vivenciam a coexistência de desnutrição e, ao mesmo tempo, do excesso de peso e obesidade com consequências diretas na prevalência de doenças não transmissíveis relacionadas com uma dieta”, disse Verónica Chicas, especialista em Género no escritório da FAO para a Meso América.

“É necessário entender melhor a relação entre o funcionamento dos atuais sistemas alimentares e como estes influem em níveis maiores de má nutrição entre crianças, jovens e adultas”, acrescentou.


Para a FAO, a raiz da situação é a desigualdade económica, pelo que é a partir deste ponto que a agência da ONU procura contribuir para a diminuição das disparidades do género em diferentes níveis, trabalhando, por exemplo, em coordenação com os governos para promover a implementação de políticas, programas e projetos com uma perspetiva de igualdade de género.

A FAO, prosseguiu Verónica Chicas, está também a trabalhar para o empoderamento e recuperação económica das mulheres rurais e indígenas, bem como em ações de reforço de capacidades de planeamento, empreendedorismo e negócios para contribuir para a sua autonomia económica pessoal e familiar.

Nesse sentido, e no quadro do Dia Internacional da Mulher, que se celebra esta segunda-feira em todo o mundo, a FAO destacou que está ainda a promover uma campanha sobre o papel fundamental da mulher para uma reativação inclusiva e transformadora dos sistemas alimentares.

“[Tal tem] o objetivo de tornar visível que a transformação dos sistemas alimentares é também uma questão de igualdade de género: as desigualdades marcantes vividas por mulheres e jovens são tanto a causa como o resultado de sistemas alimentares insustentáveis e do acesso injusto à alimentação, consumo e produção”, refere-se no documento da FAO.

Entre outras questões, refere a FAO, a campanha “sugere” ser necessário “repensar o papel das mulheres” como produtoras e consumidoras, com atenção especial às mudanças climáticas.

Por isso, tem de se instá-las a observar como as respostas das mulheres às mudanças climáticas fortalecem a resiliência dos sistemas alimentares.