5.7.22
Prisão perpétua passa a ser a pena máxima para maus tratos a crianças no Reino Unido: é a chamada Lei de Tony
Os pais biológicos de Tony Hudgell, rapaz que foi agredido quando era bebé e teve as suas pernas amputadas, poderiam agora enfrentar prisão perpétua, após uma alteração às penas de crimes cometidos contra crianças: lei que fica conhecida como "Lei de Tony" entra em vigor esta semana
Tony Hudgell, um rapaz britânico com sete anos, foi maltratado pela sua família biológica quando era bebé. Tanto a mãe como o pai da criança foram condenados à pena máxima de prisão no Reino Unido, em fevereiro de 2018: dez anos. Em casos semelhantes que aconteçam no futuro, ambos poderiam enfrentar prisão perpétua, após um agravamento das penas, segundo a imprensa do Reino Unido. A chamada Lei de Tony entra em vigor esta semana, escreve o tabloide “Mail Online”.
A família adotiva do rapaz e o deputado Tom Tugendhat, que tem acompanhado o caso, tinham pedido, no ano passado, que as penas aplicadas a quem causa ou permite a morte de uma criança a seu cargo passassem a ter a mesma moldura penal dos crimes contra adultos: prisão perpétua. O caso inspirou um projeto de lei no Reino Unido batizado com o nome Lei de Tony.
A alteração foi aprovada pelo ministro da Justiça e vice-primeiro-ministro britânico, Dominic Raab, na sequência do apelo dos pais adotivos de Tony Hudgell. Qualquer pessoa que agora cause ou permita a morte de uma criança ou adulto ao seu cuidado enfrentará prisão perpétua, em vez de 14 anos. E a pena máxima para crueldade infantil ou para quem permita danos físicos graves aumenta de dez para 14 anos.
Como explicou Tugendhat, na altura, Tony era demasiado novo para identificar quem o agredira, e não podia provar o crime de que os seus pais biológicos eram acusados. “Numa situação muito rara como esta — e sublinho que é extremamente rara —, perguntar quem foi o responsável é ridículo”, argumentou o deputado. Como explicou, a lei “assegura que a responsabilidade [pelos crimes] seja clara, mesmo que um bebé não possa fornecer provas”.
Tony tinha apenas 41 dias quando foi hospitalizado com falência múltipla de órgãos e septicemia (infeção generalizada), após ter sido agredido pelos seus pais biológicos, Jody e Tony Smith. Ao fim de seis semanas internado no hospital, as duas pernas do recém-nascido não sobreviveram às lesões e tiveram de ser amputadas do joelho para baixo.
O agravamento da pena também tinha sido defendido pela família adotiva do menino, Paula e Mark Hudgell. A atual sentença “simplesmente não reflete a gravidade dos crimes infligidos”, disseram os pais na altura, lembrando que “as crianças são as mais vulneráveis da sociedade” e por isso devem ser mais protegidas.