Diana Morais Ferreira, in JN
Em Portugal, aproximadamente 123 mil crianças vivem em pobreza extrema e cerca de 23% em risco de pobreza ou exclusão social. A Unicef alerta para a necessidade de um modelo de governação de direitos da criança diferente.
Durante o encontro entre decisores políticos para debaterem os Direitos da Criança, realizado esta quinta-feira, na Assembleia da República, a Unicef alertou para a urgência de um modelo de governação diferente. "A descentralização de competências, o agravamento das desigualdades, o aumento da pobreza e a reforma do sistema da proteção infantil exigem a definição de um modelo de governação diferente, que garanta respostas equitativas e justas para todas as crianças, em particular para as que vivem numa situação de maior vulnerabilidade", afirma Beatriz Imperatori, diretora executiva do Comité Português para a Unicef.
"Como fenómeno multidimensional, a passar de geração em geração, a pobreza é o espelho das vulnerabilidades de uma sociedade", acrescenta a diretora executiva. Chama ainda a atenção para os números atuais de pobreza que afetam os mais jovens, revelados pelo Instituto Nacional de Estatística: "123 mil crianças vivem em pobreza extrema, 742 famílias recebem o abono de família, a taxa do risco de pobreza das crianças em famílias monoparentais é de 30% e a taxa do risco de pobreza ou exclusão social é de 23%".
Para a Unicef é fulcral construir uma ação coordenada entre o Governo e as autarquias, atuando sempre com a criança no centro de tudo e através de uma perspetiva multidimensional que englobe rendimento, acesso à educação, saúde de qualidade, desporto, cultura e primeiro emprego.
Beatriz Imperatori recorda ainda que a Unicef "não preconiza uma solução para Portugal; a Unicef colabora, apoia e capacita todos e todas as organizações públicas e privadas que queiram investir numa resposta efetiva para todas as crianças".