24.3.09

Bento XVI apela aos que "ocupam cargos públicos" apoio aos necessitados

in Jornal de Notícias

O Papa Bento XVI apelou, esta segunda-feira, a todos os que "ocupam cargos públicos" para se preocuparem com os mais necessitados, com o bem comum, e defendeu a solidariedade em nome da "partilha equitativa" da riqueza.

"Se me permitissem um apelo final seria para pedir que a justa realização das aspirações fundamentais das populações mais necessitadas constitua a preocupação principal de quantos ocupam cargos políticos públicos visto que a sua intenção, estou certo, é desempenhar a missão recebida não para si mesmo mas em vista do bem comum", disse Bento XVI, no final de uma visita de quatro dias a Angola.

"O nosso coração não pode estar em paz enquanto virmos irmãos sofrerem por falta de alimento, de trabalho, de um tecto ou de outros bens fundamentais", disse o Papa, na cerimónia de despedida no aeroporto de Luanda.

Bento XVI que agradeceu ao chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, o "tratamento fidalgo" com que foi recebido pelas autoridades e defendeu, no discurso de despedida, a solidariedade como um valor capaz de vencer a injustiça social.

"Para se oferecer uma resposta concreta a estes nossos irmãos em humanidade, o primeiro desafio a vencer é o da solidariedade: solidariedade entre as gerações, solidariedade entre países e entre continentes, que dê origem a uma partilha cada vez mais equitativa das riquezas da terra, entre todos os homens", referiu Bento XVI.

O Papa disse ainda que pediu a Deus protecção e ajuda aos "refugiados e deslocados sem número que vagueiam à espera de um retorno a casa" e exortou "os amigos de África" e os angolanos em especial a terem coragem em nome da paz e da reconciliação.

"Irmãos e amigos de África, queridos angolanos: coragem! Não vos canseis de fazer progredir a paz, cumprindo os gestos de perdão e trabalhando na reconciliação nacional para que jamais prevaleça a violência sobre o diálogo, o medo e o desânimo sobre a confiança, o rancor sobre o amor fraterno", disse o Papa.

"É hora de me despedir, para voltar a Roma, triste por vos deixar mas feliz por ter conhecido de perto um povo corajoso e decidido a renascer, não obstante as resistências e os obstáculos. Este povo pretende construir o seu futuro, caminhando por sendas de perdão, justiça e solidariedade", afirmou.